Publicidade na internet nem sempre é interativa
No começo deste mês, as Casas Bahia, um dos maiores
anunciantes do país, iniciou uma campanha de vendas via internet,
rendendo-se a uma tendência cada vez mais usual: a publicidade
eletrônica. O relatório Ad Servings Trends,
da DoubleClick, empresa
que desenvolve ferramentas para publicidade on line (webvertise),
analisando o último trimestre de 2003 concluiu que houve
crescimento de 43,3% neste tipo de propaganda em relação
ao mesmo período de 2002. Aumentou também o uso de
formatos como o rich media, que permitem maior interação
com o usuário através do preenchimento de cadastros,
jogos, compras, entre outros, dentro da peça publicitária.
Entretanto, nem sempre a publicidade na mídia eletrônica
é interativa.
Segundo
a publicitária Viviane Toraci da Universidade Federal de
Pernambuco, que recentemente defendeu a dissertação
de mestrado "Webvertise: virtualização,
interatividade e tridimensionalidade nos formatos publicitários
dos maiores portais web do Brasil", a publicidade veiculada
na internet brasileira está ainda numa fase de transição.
"Temos desde o botão estático até os recursos
multimídia sendo utilizados pela publicidade na web. Cada
um tem sua função na estratégia de comunicação
do anunciante e pode proporcionar diferentes resultados", diz
ela.
Para
Toraci interatividade pressupõe a oportunidade de se comunicar
através de um meio técnico com outra pessoa ou com
uma máquina tendo a oportunidade de gerar perguntas e respostas
genuínas. A partir desde conceito e guiada por perguntas
do tipo, como a interatividade pode modificar o campo da publicidade,
quais características da interatividade estão presentes
na web brasileira ou ainda, a publicidade está realmente
usufruindo das possibilidades trazidas pela interatividade, a pesquisadora
analisou três portais brasileiros, IG, Globo.com e
UOL.
Ela
explica que a publicidade interativa integra duas funções:
a de fazer a propaganda e de promover vendas. Desta forma, os profissionais
de promoção conseguem o que consideram a conjunção
ideal: unir o produto, o consumidor e o dinheiro no mesmo lugar
e ao mesmo tempo. Segundo o relatório, as campanhas na internet
geram cerca de 2,3% de taxa de conversão ou venda, contra
1,47% obtido em campanhas tradicionais. Toraci acredita que a web
permite um nível inédito de aprofundamento na informação,
formando uma terceira dimensão, além do tempo e do
espaço - a profundidade. "A webvertise é
tridimensional - o poder de venda do produto no meio internet está
baseado nas possibilidades de fornecer o nível de informação
que o usuário solicita e de poder finalizar o processo, através
da compra, dentro do mesmo meio", diz.
O
modelo publicitário tradicional é o da intrusividade,
quando a propaganda interrompe o filme, o jornal, a música
para chamar a atenção do indivíduo sobre determinado
produto ou serviço. Com o advento da internet alguns formatos
procuraram, desde o início, evitar este modelo. O banner
é um exemplo disso, pois aparece nos cantos ou nas laterais
e não no meio da tela. O famoso pop-up, caixas de
texto que surgem no meio da tela, é mais recente e seu objetivo
é garantir maior visibilidade às mensagens. A publicitária
informa que, mesmo sendo considerado em pesquisas como um dos formatos
mais irritantes de publicidade, este recurso ainda apresenta bons
índices de clique. "O anunciante o utiliza porque dá
retorno. E só dá retorno, porque o usuário
clica, visita e compra. O pop-up é o vendedor intruso
virtual, que incomoda, mas vende", explica.