Câmara de infravermelho nacional é cinco vezes mais 
              barata que a importada
            Sars 
              (síndrome respiratória aguda severa), Ler (lesão 
              por esforço repetitivo), câncer de pele, câncer 
              de mama e inflamações são algumas das enfermidades 
              que podem ser diagnosticadas com a câmara de infravermelho 
              ou câmara de teletermografia. Um protótipo brasileiro 
              de uma câmara dessas foi desenvolvido pelo grupo de Luiz Antônio 
              de Oliveira Nunes, pesquisador do Instituto de Física de 
              São Carlos (IFSC) da USP, e vem sendo testado em pacientes 
              no Hospital Amaral Carvalho de Jaú (Hospital do Câncer). 
              O custo estimado do equipamento nacional é de US$ 12 mil, 
              bem inferior ao do importado, que fica em torno de US$ 60 mil.
            Com 
              a câmara de infravermelho é possível mapear 
              a temperatura do corpo de uma pessoa (figura abaixo) e detectar, 
              por exemplo, células cancerígenas, que possuem altíssimo 
              metabolismo, gerando mais calor do que as células sadias. 
              "O exame é feito como se a pessoa estivesse tirando 
              uma fotografia - na verdade, é uma fotografia do calor gerado 
              por ela", explica Nunes. 
            
              
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                    Imagem térmica de uma pessoa com uma forte inflamação 
                    no braço esquerdo ( em vermelho). Crédito: Luiz 
                    Antônio Nunes. 
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            Nosso 
              corpo emite radiação infravermelha, ou seja, radiação 
              que está fora da região de freqüências 
              que nossos olhos enxergam, mas que percebemos como calor. É 
              detectando a radiação infravermelha emitida por uma 
              pessoa, utilizando a câmara, que é possível 
              realizar o mapeamento de sua temperatura. O sinal detectado é 
              processado e mostrado, na tela de um computador ligado à 
              câmara, como uma imagem em que a temperatura é indicada 
              utilizando-se uma escala de cores.
            Além 
              de ser não-invasivo, uma das grandes vantagens do exame, 
              de acordo com o pesquisador, é que o paciente não 
              é submetido a nenhum tipo de radiação (como 
              em um exame de Raios-X, por exemplo). É a câmara que 
              detecta a radiação gerada pelo próprio paciente. 
              
            
              
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                   Imagem 
                    térmica de carro em funcionamento. Crédito: 
                    Luiz Antônio Nunes. 
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            A 
              câmara de infravermelho tem também aplicações 
              industriais, como, por exemplo, a obtenção da imagem 
              térmica de um carro em funcionamento (figura ao lado). "Observa-se 
              que a região dianteira do carro é uma região 
              quente (região em amarelo e vermelho), enquanto a região 
              onde se encontram os passageiros está a temperatura ambiente 
              (região em azul escuro). Isso mostra que este modelo [de 
              carro] possui um excelente isolamento térmico entre o compartimento 
              do motor e o dos passageiros", explica Nunes. 
            Além 
              do controle de isolamento no carro e dos exames com fins médicos, 
              a câmara de teletermografia é utilizada, entre outras 
              coisas, na detecção de calor em redes elétricas, 
              na detecção de mau contato em circuitos elétricos, 
              na manutenção preventiva (de motores, painéis 
              elétricos, fornos, caldeiras etc), no desenvolvimento de 
              sapatos e roupas para climas frios (em que deve haver isolamento 
              térmico), na visão noturna e na detecção 
              de queimadas por satélites, enfatizando assim a importância 
              do domínio dessa tecnologia por parte do Brasil.
            Segundo 
              Nunes, a tecnologia do infravermelho (lentes, detectores etc) foi 
              desenvolvida com fins militares e começou a ser utilizada 
              para poucas e específicas aplicações industriais 
              e médicas a partir da década de 60. "Foi [apenas] 
              a partir dos anos 80, com o advento da tecnologia de confecção 
              de materiais semicondutores ultrapuros, computadores mais velozes 
              e softwares mais poderosos, que a termografia pôde ser amplamente 
              aplicada na solução de diversos problemas, quer no 
              setor industrial, quer na área médica", conta 
              o pesquisador da USP.