Descoberto novo gênero de inseto no campus da UFSCar
              
            
            
              
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                   Desenho 
                    do Lizerocallis flavus, novo gênero de afídeo 
                    descoberto dentro da UFSCar 
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            No 
              que se refere à entomologia, ramo da biologia que estuda 
              os insetos, a máxima "quem procura acha" é 
              freqüentemente o primeiro passo para descobertas científicas. 
              A mais recente descoberta, aconteceu bem aos olhos dos cientistas: 
              dentro do campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), 
              onde foi identificado um novo gênero de afídeo - inseto 
              da mesma ordem das cigarras e percevejos. 
            O 
              responsável pela descoberta foi Carlos Roberto Sousa e Silva, 
              professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar. 
              "Como entomólogo, tenho a mania de sempre olhar muito 
              de perto as plantas que encontro pelo caminho. É um processo 
              de busca, e a descoberta de uma nova espécie para a ciência 
              ou mesmo um novo registro para o país é uma conseqüência 
              dessa busca", afirmou Silva. A nova espécie já 
              foi descrita e devidamente publicada na revista portuguesa Agronomia 
              Lusitana, especializada em informações agrícolas 
              e entomológicas. 
            O 
              inseto recebeu o nome de Lizerocallis flavus, uma homenagem 
              a C. A. Lizer y Trelles, o primeiro coletor do gênero Lizerius. 
              Já o termo callis foi retirado do alfabeto grego onde 
              kallós significa bonito. Entre as 150 espécies 
              de afídeos encontradas no Brasil, apenas um gênero 
              havia sido nomeado por pesquisadores brasileiros, o Brasilaphis.
            "Apesar 
              de ter sido descoberta dentro do campus da Ufscar, a espécie 
              não é endêmica [que vive exclusivamente em uma 
              dada região], pois recentemente recebi outros exemplares 
              de afídeos provenientes de Minas Gerais onde identifiquei 
              o L. flavus" , esclareceu o entomólogo. 
            Mais 
              de 5 mil novas espécies de insetos são encontradas 
              por ano em todo o mundo. Esse número mostra porque, de certa 
              forma, os insetos estão entre os organismos que melhor se 
              adaptaram ao planeta. Já foram descritas cerca de um milhão 
              de espécies e existiriam, segundo algumas estimativas, outras 
              7 milhões a serem descobertas.
              
              Silva acredita na importância de se conhecer e estudar o maior 
              número possível de espécies, ou seja, a diversidade 
              biológica que, para ele, é o primeiro passo para uma 
              correta gestão ambiental, conservação do meio 
              ambiente ou mesmo para regeneração de ecossistemas. 
              "No caso dos insetos existem diversas implicações 
              econômicas diretas do fato de se conhecer ou não uma 
              espécie. Todos os afídeos, por exemplo, parasitam 
              plantas e para evitar prejuízos na agricultura, [portanto], 
              é importante conhecer bem a espécie, seu ciclo de 
              vida e cadeia alimentar", salientou o pesquisador. 
            A 
              descoberta evidencia que, mesmo sendo menos freqüente, os ambientes 
              modificados pela ação do homem ainda abrigam espécies 
              desconhecidas. "Ambientes modificados perdem muito da sua diversidade, 
              um exemplo extremo é o das monoculturas. Quem sabe quantas 
              espécies já deixamos de conhecer por simples descuido 
              na gestão do nosso ambiente?", questionou o pesquisador.