Materiais cerâmicos não poluentes substituem o chumbo
na pescaria
Um
pescador perde entre 150 a 300 gramas de peso de chumbo (chumbada)
em uma pescaria. Apenas na região do Pantanal de Mato Grosso,
dados de órgãos estaduais ligados à preservação
ambiental, estimam que em uma temporada de pesca cerca de 40 toneladas
desse metal pesado se acumulem no fundo das águas. A criação
de "chumbadas ecológicas", desenvolvidas no Laboratório
Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC),
integrado por pesquisados da Universidade Federal de São
Carlos e do Instituto de Química da Unesp de Araraquara,
substitui o metal pesado por materiais não poluentes que
preservam a qualidade das águas doces. A novidade já
está no mercado, produzida pela Tecnicer, empresa instalada
em São Carlos (SP).
Na
fabricação das "chumbadas ecológicas"
são usados materiais como argila, areia e pó de pedra,
os quais são biocompatíveis com o fundo dos rios e
lagos, em substituição às tradicionais feitas
de chumbo, que contaminam as águas e os peixes. As chumbadas
cerâmicas são compostas por 30% de alumina, 45% de
sílica, 15% de ferro e 10% de cálcio.
Devido
à diferença de densidade, as peças cerâmicas
precisam ser maiores que as tradicionais de chumbo, o que não
impede que sejam usadas da mesma forma, com a vantagem de não
enroscarem e deterioram-se mais rapidamente, não contaminando
a água e o solo.
Poluição
Como todo metal pesado, o chumbo degrada-se muito lentamente no
meio ambiente, persistindo durante décadas no solo e no fundo
de rios, lagos e represas. Por não ser metabolizado pelos
animais e sofrer um processo de bioacumulação, o chumbo
acaba afetando mais os animais do topo da cadeia alimentar, entre
os quais está o homem. No organismo, este metal é
comprovadamente carcinogênico (causa câncer), teratogênico
(causa malformações estruturais no feto, baixo peso
e/ou disfunções metabólicas e biológicas)
e tóxico para o sistema reprodutivo (causa disfunções
sexuais, aborto e infertilidade). A presença de quantidades
elevadas de chumbo no sangue está relacionada a problemas
neurológicos, como a falta de concentração
e dificuldades na fala. As principais causas de intoxicação
são desconforto intestinal, fortes dores abdominais, diarréia,
perda de apetite, náuseas, vômitos e cãibras.
Apenas
2,5% do total de água disponível no planeta
é doce, fundamental para a nossa sobrevivência,
sendo o restante impróprio para o consumo. Mas a água
acessível ao consumo humano, encontrada em rios, lagos
e alguns reservatórios subterrâneos, somam apenas
0,3%, ou 100 mil km³. O Brasil tem 12% da concentração
mundial de água doce, o que faz da preservação
da água a tônica deste século.
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