Pesquisadores da costa amazônica propõem criar 
              associação internacional
            Há 
              onze anos, uma rede internacional de pesquisadores da costa amazônica 
              desenvolve estudos integrados sem ser reconhecida formalmente como 
              tal. A rede do Programa de Estudos de Ecossistemas Costeiros Tropicais 
              (Ecolab) envolve cientistas do Brasil, Guiana Francesa, Suriname, 
              Venezuela e Guiana Holandesa, e já fez diversas tentativas 
              de oficializar a iniciativa para obter recursos e desenvolver projetos 
              de maior porte. Agora, os pesquisadores brasileiros se mobilizaram 
              pela transformação da rede numa associação.
            "O 
              objetivo da associação é o reconhecimento formal 
              da rede Ecolab-Brasil, que até hoje, apesar dos inúmeros 
              dossiês de proposta formal enviados aos órgãos 
              competentes em mais de onze anos de existência, ainda não 
              foi reconhecida", afirma a geógrafa Maria Thereza Prost, 
              pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi e participante 
              do Ecolab desde a sua concepção. A proposta já 
              foi aprovada no Brasil pelos pesquisadores envolvidos na rede (nos 
              estados do Amapá, Maranhão e Pará), durante 
              a reunião preparatória para o 7º Workshop 
              do Ecolab, que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 
              5 de dezembro deste ano, em Caiena, na Guiana Francesa.
            Ecolab
              A rede Ecolab, que surgiu por iniciativa da Guiana Francesa seguindo 
              o modelo do programa Silvolab (que integra cientistas que estudam 
              florestas densas), integra o Programa Nacional de Gerenciamento 
              Costeiro do Brasil e o Programa Nacional para Meio Ambiente Costeiro 
              da França. A proposta da rede é garantir o intercâmbio 
              das instituições amazônicas e o uso de ferramentas 
              comuns no estudo da interação dos ecossistemas de 
              mangues e grandes mares.
            Já 
              foram desenvolvidos 14 mapas das zonas costeiras de manguezais amazônicos 
              com cifras comuns aos países da rede (e legendas em português, 
              inglês, francês e espanhol), além da unificação 
              de conceitos geográficos das áreas costeiras tropicais 
              úmidas. A próxima ferramenta prevista para ser incorporada 
              pela rede é o Banco de Imagens do Programa de Estudos Costeiros, 
              do Museu Goeldi, que reunirá mapas e fotos das áreas 
              de pesquisa.
            Conforme 
              Thereza Prost, um dos principais desafios dos pesquisadores da costa 
              amazônica é entender o sistema de dispersão 
              do rio Amazonas sobre o Oceano Atlântico e suas influências 
              sobre o ecossistema da costa. Os monitoramentos apontam para a influência 
              da localização geográfica e de diversos fenômenos 
              físico-climáticos que atuam sobre a direção 
              das marés e a quantidade maior ou menor de partículas 
              suspensas depositadas pelo rio Amazonas sobre o oceano em diferentes 
              períodos do ano.
            Essas 
              características definem a erosão e a sedimentação 
              na costa, e a presença de água mais salgada ou doce 
              nos mangues, influenciando diretamente a vida das comunidades da 
              região. Segundo a geóloga Odete Silveira, do Instituto 
              de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado 
              do Amapá, as questões sociais de populações 
              envolvidas no ecossistema costeiro também ganharão 
              ênfase no próximo workshop, abrangendo história, 
              cultura, educação e políticas públicas.