UFPB lança guia para associação de pescadores
O
Brasil produz atualmente cerca de um milhão de toneladas
de pescado por ano e parte deste volume vem da pesca artesanal.
Esta é uma das atividades que mais emprega mão-de-obra
no país, principalmente não qualificada. Estima-se
que a pesca dê sustento a três milhões de famílias
brasileiras. De um tempo para cá, os pescadores passaram
a constituir associações, ou colônias, que são
entidades civis sem fins lucrativos, para defender seus direitos
e interesses.
Visando
melhorar os conhecimentos e a participação dos pescadores
artesanais da Paraíba nas colônias, o economista e
professor da UFPA Tarcísio Valério da Costa escreveu
o livro O sol nasce para todos: leitura e interpretação
do estatuto social da colônia de pescadores, lançado
no dia 9 de janeiro, com patrocínio do Banco do Nordeste.
"O livro será fonte de pesquisa aos que lidam com o
associativismo e principalmente instrumento dos pescadores para
garantir o exercício dos seus direitos e deveres perante
sua entidade representativa", diz Gutemberg Cabral, professor
de direito ambiental da Universidade Federal da Paraíba,
estado que possui vinte destas colônias.
O
livro explica como criar uma associação e quais os
direitos e deveres dos sócios e dos dirigentes. Traz ainda
uma lista das entidades ligadas à pesca, tais como a Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca, e toda legislação
pertinente a esta atividade. "Espero que o livro seja um recurso
didático na organização social da categoria
e também um apoio para os pesquisadores que desenvolvam projetos
junto à comunidade pesqueira", diz o autor.
Segundo
Costa, as associações de pescadores são antigas
na Paraíba, mas muitas perderam sua característica
de representar e defender o pescador. As razões para isso
são diversas: os dirigentes se afastam da comunidade, ocorrem
casos de desvio e mau uso de verbas públicas e da receita
da colônia, entre outras, que são apontadas no livro
como forma de induzir o leitor à reflexão de como
deve realmente operar uma colônia. O autor pretende que o
pescador questione se a colônia a qual está associado
realmente está cumprindo seu papel. "A associação,
assim como os recursos naturais são para todos, e não
apenas para um grupo que detém o conhecimento", conclui.
Desde
1997, Costa trabalha em um projeto da Pró-Reitoria para Assuntos
Comunitários (PRAC) da UFPB, no programa de apoio à
Colônia de pescadores da cidade de Bayeux na região
metropolitana de João Pessoa. Ele diz que através
do programa, os pescadores passaram a ter mais consciência
sobre a necessidade da preservação ambiental, por
exemplo. Eles entenderam que não podem jogar o lixo que produzem,
no mangue ou no rio. Tampouco podem pescar lagostas e caranguejos
abaixo do tamanho permitido, sob risco de comprometer a procriação.
A próxima etapa do programa é criar unidades de beneficiamento
de pescado visando a comercialização mais vantajosa
para estes pescadores artesanais. "Nosso plano é eliminar
a figura do atravessador que fica com boa parte os lucros",
explica o economista.
O
funcionamento adequado das colônias de pescadores auxilia
também os pescadores na obtenção de recursos
do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar/Pesca,
que deve liberar R$ 55 milhões para financiar pescadores
artesanais, segundo anunciou o presidente Lula durante a primeira
Conferência Nacional da Pesca, em Luziânia, Goiás,
em novembro passado. A expectativa do governo é que o país,
que possui uma das maiores costas marítimas do mundo e é
detentor de 12% da água doce do planeta, dobre a produção
até o fim do mandato, ocupando assim, uma melhor posição
no ranking mundial da produção de pescado, que é
hoje, o 27° lugar.