Construção
mais econômica e ecológica utiliza garrafas plásticas
Uma
novidade pode entrar no mercado imobiliário nos próximos
meses: uma casa pré-fabricada que utiliza garrafas plásticas
de refrigerante na sua construção. Além de
ser mais barata - uma construção de 39m2 sairia em
média por R$ 15.550, o que significa uma redução
de cerca de 15% nos custos -, a nova opção de moradia
colabora na redução da quantidade de garrafas que
vão para os lixões. A pesquisa é desenvolvida
no Laboratório de Sistemas Construtivos da Universidade Federal
de Santa Catarina (Labsisco/UFSC) e a proposta, segundo o pesquisador
Fernando Barth, é aproveitar as garrafas Pet (Poli-Tereftalato
de Etileno) no interior de painéis formando colunas verticais
que reduzam o consumo de argamassa e melhorem o desempenho térmico
das paredes.
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Garras
Pet são cobertas por cimento.
Crédito: Labsisco/UFSC
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As
garrafas, de acordo com ele, substituem os tijolos das paredes e
das vigas. "Utilizamos as de 2 litros paras as paredes e as
de 600ml para os painéis de cobertura" - explica Barth.
"A extremidade superior é cortada, possibilitando o
encaixe uma na outra e formando as colunas Pet. A última
garrafa é encaixada de cabeça para baixo para evitar
que a argamassa entre no ar da câmara interna. As colunas
são unidas uma nas outras com fita adesiva, formando o núcleo
interno do painel". O painel é construído dentro
de um molde de madeira. Primeiramente, preenche-se o fundo com uma
camada de concreto de 2cm de espessura. Em seguida, são colocadas
as garrafas plásticas que já foram encaixadas uma
nas outras. Na lateral, é encaixada uma armadura de ferro
que dá resistência ao bloco. Para completar, o painel
é preenchido com mais concreto.
Segundo
o pesquisador, os painéis podem ser fabricados no próprio
canteiro de obras ou na fábrica e cada um, com a medida de
100 x 265cm, tem um custo de R$50. "Eles já podem vir
com os eletrodutos e as canalizações de água
no seu interior e revestidos interna e externamente", afirma.
Isso permite que a construção de uma casa com material
Pet seja muito prática e rápida. Como os blocos já
vêm todos prontos, a casa pode ser montada em 48 horas. "Na
Casa Pet, a economia está associada com a reutilização
de um material que permite agregar valor de uma forma significativa,
melhorando o desempenho térmico e construtivo das vedações
e cobertura", diz Barth.
O
próximo passo da pesquisa é a realização
de testes de resistência e impacto dos blocos produzidos no
laboratório. "Encaminhamos solicitação
de financiamento para a Fundação de Desenvolvimento
da Pesquisa de Santa Catarina para executarmos os ensaios dos painéis
quanto a resistência mecânica à compressão,
ensaios de impacto e de estanqueidade", declara o pesquisador.
De acordo com ele, o projeto prevê também a construção
da "Casa Pet embrião", com dois dormitórios,
banheiro, cozinha e sala integradas, totalizando 39m2 para atender
às necessidades básicas de uma família com
dois ou três filhos. "A casa tem bom desempenho estrutural,
pois recebe armadura de reforço. Neste projeto, propõe-se
casas térreas, mas, futuramente, pretendemos construir casas
com dois pavimentos, com lajes e escadas pré-fabricadas que
também utilizam garrafas Pet recicladas", completa.
Através de uma monitoração hidrotérmica
do protótipo da Casa Pet, o pesquisador poderá verificar
as condições de conforto.
A pesquisa já resultou em uma solicitação à
reitoria da UFSC, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI) no Rio de Janeiro, para pedido de patente do invento "Painéis
pré-fabricados com argamassa e garrafas de polímero
termoplástico recicláveis para a construção
civil".