Alfabetização 
              científica para professores da Amazônia
            Cerca 
              de 1,5 mil professores da rede pública municipal e do estado 
              do Pará serão capacitados em alfabetização 
              científica através do projeto "Experimentação 
              Científico-Pedagógica: Construção do 
              Saber sob a Ótica da Alfabetização Científica". 
              O trabalho, mais conhecido como AlfaCiência, é desenvolvido 
              pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e conta com a parceria 
              das universidades federal e estadual do Pará (UFPA e UEPA), 
              além do Instituto Evandro Chagas (IEC). 
            Segundo 
              a coordenadora do projeto, Waldinete da Costa, pesquisadora do Museu 
              Goeldi, os trabalhos estão voltados para a alfabetização 
              científica que se fundamenta na função social 
              dos museus e das 'casas de ciência', e não à 
              simples disseminação do conhecimento. "Em sua 
              essência, esse paradigma prevê uma ciência cidadã", 
              afirma. Assim, as atividades envolvem desde a abordagem teórica 
              de quatro eixos temáticos - "A natureza da Ciência"; 
              "Pluralidade Cultural e Diversidade Sócio-Ambiental"; 
              "Origem, Estrutura e Biodiversidade dos Ecossistemas Amazônicos"; 
              e "Educação em Ciência e Ambiental" 
              - até simulações de investigações 
              científicas nos campi experimentais do Museu Goeldi, além 
              do próprio desenvolvimento de métodos de avaliação 
              em alfabetização científica.
            Antes 
              de implementar o projeto no Pará, a coordenadora realizou 
              uma série de estudos sobre a relação das instituições 
              científicas e acadêmicas, inclusive organizações 
              não-governamentais, com a sociedade. A realidade de institutos 
              consolidados e emergentes do Brasil foi comparada à dos Estados 
              Unidos, Inglaterra, Escócia e Austrália. "Não 
              importa o nível intelectual, cultural ou econômico 
              do país, a dificuldade da interface ciência e sociedade 
              é a mesma. É impressionante como as respostas são 
              iguais: o cientista diz que não comunica por falta de tempo 
              e recursos".
            Lourdes 
              Ruivo, pesquisadora do Museu Goeldi que participa no projeto desde 
              o seu início, afirma que os cursos estão levando aos 
              professores as informações mais atuais das pesquisas 
              científicas, dando destaque às características 
              da região amazônica. "É muito gratificante 
              participar de um projeto que faz com que as informações 
              geradas pelas pesquisas cheguem à comunidade", admite.
            Atendendo 
              à demanda dos professores da região, que apontaram 
              a falta de material didático adequado como sendo a maior 
              dificuldade, a proposta é criar recursos didático-pedagógicos 
              regionalizados. Está previsto o desenvolvimento de kits com 
              CD-roms, vídeos, jogos educativos, livro-texto sobre a Amazônia 
              e uma série de cadernos de alfabetização científica 
              com abordagem teórica e prática. Durante os cursos, 
              os pesquisadores envolvidos no projeto vêm constatando que 
              os livros realmente estão desatualizados e chegam a vir com 
              mapas errados.
            Outros 
              planos
              Também está em fase de implantação o 
              Centro de Recursos Informáticos em Educação 
              Científica, Tecnológica e Ambiental: Ciência 
              para Cidadania (CentrAlCiência). A proposta é criar 
              uma rede informatizada que possa disponibilizar, em formato eletrônico, 
              todo o material didático produzido no AlfaCiência. 
              "A idéia é criar uma espécie de rede de 
              educação à distância no Pará, 
              aproveitando os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs)", 
              explica Waldinete da Costa. São dez NTEs, abrangendo mais 
              de 60 escolas em 43 municípios, que poderão realizar 
              teleconferências.
            O 
              primeiro dos três volumes da série de cadernos de alfabetização 
              científica deve ser editado ainda neste semestre. Também 
              está prevista para este ano a criação de uma 
              ouvidoria com psicopedagogos das secretarias de Educação 
              do Estado e do município de Belém, dentro do Parque 
              Zoobotânico do Museu Goeldi. A ouvidoria servirá para 
              a orientação educacional de docentes e discentes, 
              especialmente no segmento da alfabetização científica.
            Conforme 
              a coordenadora do AlfaCiência, neste ano começa a fase 
              de acompanhamento dos impactos da aplicação da nova 
              metodologia e dos novos materiais didáticos em sala de aula. 
              As avaliações acontecerão em cinco escolas, 
              com treze professores, durante todo o ano.
            Embora 
              o AlfaCiência tenha sido iniciado em 2002, acaba de ser aprovado 
              pelo CNPq como o único projeto de "qualificação 
              de professores com produção de recursos didáticos" 
              na região Norte do país. O projeto envolve cerca de 
              100 pesquisadores dos diversos institutos parceiros e conta com 
              o apoio das secretarias de Educação do Estado e dos 
              doze municípios beneficiados. Os cursos são gratuitos 
              e podem ser feitos por professores da rede pública de ensino 
              com nível médio, superior ou graduandos. Para mais 
              informações, entre em contato com o Museu Goeldi pelo 
              telefone (91) 249-1004.