Software
ajuda a calcular iluminação em projetos arquitetônicos
Muitas
pessoas, ao comprar um imóvel ou encomendar um projeto a
um escritório de arquitetura, fazem questão de escolher
se determinado cômodo vai ficar voltado para o nascente ou
para o poente. Mas diversas outras variáveis ligadas à
luz solar podem ter grande importância em um projeto arquitetônico.
Uma pesquisa realizada no Laboratório de Conforto Ambiental
(LabCon) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal de Santa Catarina, com o apoio das Centrais Elétricas
de Santa Catarina, resultou em um software que pode ajudar
arquitetos a lidar com essas variáveis em seus projetos.
O
programa, batizado de Apolux 1.0, é um protótipo desenvolvido
por Anderson Claro, do Labcon, que usa algorítimos matemáticos
para o estudo de iluminação natural em arquitetura
e urbanismo. Também chamado de LuzSolar, o software
aplica um modelo matemático denominado Modelo Vetorial Esférico,
concebido para determinar a visibilidade do céu para diferentes
pontos interiores e exteriores de um projeto arquitetônico
e para estabelecer as relações de visibilidade entre
os diferentes pontos das superfícies do projeto.
|
|
Vistas
externa (à esquerda) e interna (à direita) do
Pavilhão de Barcelona. Imagem: LabCon/UFSC
|
O
Apolux permite visualizar diversas condições possíveis,
como latitude, longitude, altitude, condição do céu
(limpo, parcialmente encoberto ou nublado), condição
do ar (limpo, de região montanhosa, litorânea, urbana,
rural ou área industrial), além de estimar o posicionamento
do sol em mês, dia e hora específicos. A equipe do
LabCon processou os primeiros testes do programa a partir de três
modelos de construção: o Pavilhão de Barcelona,
de Mies Van der Rohe, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Santa
Catarina, e um modelo genérico, denominado "Arquitetura",
com modelagem de curvas e superfícies complexas.
|
Vista
externa do modelo genérico "Arquitetura".
Imagem: LabCon/UFSC
|
Uma
das ferramentas do programa, chamada de "mascaramento solar",
permite analisar as condições de exposição
ao sol de um ponto do projeto arquitetônico ao longo de todo
o ano, e possibilita determinar o comportamento de diferentes elementos
de sombreamento e controle de iluminação. O pesquisador
Anderson Claro, que desenvolveu o Apolux em seu doutorado sob orientação
de Fernando Pereira, explica que as imagens geradas pelo programa
são apenas semi-realistas, pois ele não elimina efeitos
visuais de escalonamento. "O Apolux não é um
programa voltado para a visualização foto-realista,
e sim para o projeto de iluminação natural",
afirma Claro.
|
Vista
interna do MIS, mostrando o Sol no campo de visão do
observador. Imagem: LabCon/UFSC
|
O
projeto LuzSolar continua em desenvolvimento e tem duas novas potencialidades
previstas para suas versões futuras. Uma delas é a
possibilidade de interação entre os modelos de abóbada
celeste utilizados pelo programa e fotografias do céu real.
"Através de uma máquina fotográfica especial,
com lente 'olho de peixe', disponível no LabCon, é
possível fotografar uma determinada condição
de céu e superpor com o gráfico de mascaramento gerado
pelo programa, dando maior precisão de análise",
explica o pesquisador.
A
outra melhoria no programa envolverá a incorporação
de algorítimos que permitam a inserção de fontes
artificiais de luz em um projeto arquitetônico para cálculo
de soluções integradas de iluminação
natural e artificial. Através da caracterização
adequada das fontes de iluminação, dados diretos sobre
consumo de energia elétrica e o potencial de aproveitamento
da luz natural serão obtidos para determinar níveis
adequados de iluminação. O protótipo do Apolux
foi apresentado no 2º Fórum de Pesquisa e Desenvolvimento
promovido pela Centrais Elétricas de Santa Catarina, evento
dedicado a pesquisas do setor elétrico que foram financiadas
pela empresa após a aprovação em concurso público.