Ministro propõe centralizar gerencia de fundos setoriais
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Ministro
de C&T em visita ao LNLS. Foto: Fabrício Azevedo
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O
ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, visitou
no último dia 9, o Laboratório Nacional de Luz Sincrotron,
durante a realização do encontro anual dos mais de
500 pesquisadores que se utilizam da única fonte de luz sincroton
do hemisfério sul. Campos falou sobre a importância
de haver uma maior interação entre o governo e a academia,
visando potencializar o uso dos recursos vindos dos fundos setoriais.
Apesar
dos cortes anunciados para o Orçamento da União neste
ano, Campos garantiu que não haverá alterações
em sua pasta, uma vez que a área de ciência e tecnologia
é considerada estratégica para a volta do crescimento
do país. Para tanto, serão necessários novos
padrões de gerência para os fundos setoriais, afirma.
Esta gestão, hoje feita de maneira mais sistêmica,
seria centrada em reuniões periódicas entre o ministro
e os presidentes dos fundos setoriais. Esta melhor comunicação
entre os setores repercute, de acordo com o ministro, em um gradual
aumento de investimentos para os fundos setoriais. "No momento
em que se tem uma gestão como essa o governo se anima muito
mais em aportar os recursos para os fundos setoriais. Tivemos há
um ano atrás 200 milhões de Reais, passamos para 500
milhões, para esse ano a previsão é de 600
milhões, e vamos ver se realizamos mais do que o previsto",
afirma o ministro.
Outra
forma de melhorar os investimentos em C&T viria da ampliação
de investimentos do setor privado através da aprovação,
pelo Congresso Nacional, ainda no primeiro semestre deste ano, da
Lei de Inovação Tecnológica. A ausência
desta lei, de acordo com Campos, tem inibido os investimentos justamente
pela falta de regras que disciplinem as relações entre
as empresas e as universidades e centros de pesquisa. Espera-se
que este maior investimento em inovação tecnológica
culmine em um aumento na produtividade e no valor agregado nas cadeias
produtivas brasileiras. "Este seria um passo estratégico
para a multiplicação dos recursos privados na área
de ciência e tecnologia", afirma.
Visita
ao LNLS
Inicialmente, houve dúvida, por parte do setor judiciário,
quanto à possibilidade de utilização dos recursos
dos fundos setoriais de infra-estrutura por organizações
sociais, como o LNLS. O Laboratório é operado pela
Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Sincrotron
(ABTLuS), mediante um Contrato de Gestão assinado com o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
sendo o único centro de pesquisa nacional a apresentar este
novo tipo de gerenciamento.
Essa
forma de gestão permite que o LNLS mantenha sua capacidade
competitiva. Assim, lembra Campos, "não se justifica
de forma alguma que recursos de infra-estrutura não sejam
utilizados em organizações sociais como esta".
O
orçamento anual do laboratório é de R$10 milhões,
entretanto, neste ano houve um aporte de mais 2,5 milhões
devido a aprovação, pela câmara dos deputados,
de um pedido encaminhado, através da bancada do PT, pelo
Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia
de São Paulo (SinTPq). A verba adicional será utilizada
na manutenção de pesquisas já realizadas pelo
LNLS. A iniciativa do sindicato foi elogiada pelo diretor do LNLS,
José Antônio Brum, que informou também, que
o laboratório, apesar de construído há 10 anos,
ainda opera com apenas a metade de sua capacidade funcional. "Nossas
perspectivas são de aumento nas instalações
e no número de usuários. A presença de um ministro
de Estado em nossa instituição é muito importante
neste sentido. O foco é o da compreensão, por parte
das autoridades que definem os rumos da ciência no Brasil,
sobre o tipo de instituição que é o LNLS",
afirma Brum.