Brasil prepara medidas para evitar gripe do frango
O
surto de gripe de aves ou Influenza Aviária (IA) detectado
em dez países da Ásia, já chegou também
aos EUA, no Estado de Delaware. Os números da epidemia são
alarmantes: 19 pessoas mortas, dezenas de milhares de aves sacrificadas
e recentemente a suspeita de que o vírus já tenha
atingido porcos no Vietnã. Diante de tamanha destruição,
as autoridades brasileiras estão atentas para o risco da
doença ultrapassar as fronteiras do país e preparam
um pacote de medidas que visam manter os plantéis livres
de contaminação.
Um
relatório está sendo elaborado e deve ser divulgado
ainda esta semana, mas alguns pontos já foram antecipados
pela Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS), do Ministério
de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O principal
deles será a conscientização de produtores
sobre técnicas adequadas de manejo e biossegurança,
assim como a necessidade de comunicação imediata aos
órgãos competentes em casos de anormalidades sanitárias
dos plantéis. Haverá também campanhas de informação
que alertem sobre os riscos de contaminação e uma
série de medidas a serem aplicadas nos aeroportos, tais como:
aumento de vistorias, restrição do acesso de material
genético avícola a apenas dois aeroportos, Cumbica
e Viracopos, em São Paulo, e a implantação
de detectores de matéria orgânica e de pedilúvios
em todos os aeroportos internacionais do país. O pedilúvio
é um tapete acolchoado com substâncias químicas
para banhar os pés de quem passa, garantindo a existência
de áreas livres de contaminação.
"O
risco da doença chegar ao Brasil é real", diz
o médico veterinário Fernando Curvello, da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), "por isso as medidas
que vêm sendo tomadas são necessárias",
conclui. No último dia 6, o Mapa proibiu a importação
de casca de arroz vinda de países asiáticos, pois
acredita-se que uma das formas de contaminação da
doença seja por meio de aves aquáticas, como patos
e marrecos, que transitam pelas plantações. Agora,
o governo federal vai analisar quais outros produtos poderão
ter as importações proibidas.
Os
prejuízos econômicos causados pela gripe do frango
na cadeia produtiva são incalculáveis. De acordo com
a FAO (órgão da ONU para a agricultura e alimentação),
somente para a reposição das 50 milhões de
aves sacrificadas na Ásia se gastará perto de US$150
milhões.
Uma
reunião da Organização Mundial da Saúde
(OMS), Entidade global voltada para a saúde animal (OIE)
e FAO, realizada no início do mês, em Roma (Itália),
recomendou a vacinação dos plantéis, associada
às medidas já aplicadas, tais como o rigoroso controle
de trânsito de aves e sub-produtos, e de pessoas vindas de
países com focos de contaminação.
Contaminação
entre humanos
A gripe do frango que atingiu a Ásia é uma linhagem
do vírus Influenza Aviária (IA), conhecida pela sigla
H5N1 e pode variar de uma doença leve a uma versão
altamente infecciosa. A IA foi identificada pela primeira vez na
Itália, há cerca de 100 anos. Até que os primeiros
casos da doença em humanos fossem detectados em 1997, em
Hong Kong, pensava-se que ela afetasse apenas as aves. "O que
parece ter ocorrido com o atual surto da doença é
uma mutação do vírus de baixa patogenicidade,
com predominância
para alterações no quadro respiratório",
informa Curvello.
O
vírus espalha-se principalmente pelo ar e pelas fezes de
aves contaminadas, porém não é tão infecciosa
em humanos, uma vez que, ao contrário das aves, não
passa de um indivíduo para o outro. Há risco, porém,
do vírus sofrer uma mutação e se tornar contagioso
entre humanos. Os países onde ocorreram surtos, até
agora, são: China, Coréia do Sul, Vietña, Japão,
Camboja, Tailândia,Taiwan, Laos, Indonésia, Paquistão
e EUA. Neste último, o foco está contagiando somente
animais e não seres humanos, além de ser menos virulento
do que o registrado na Ásia.