Laser é aplicado em pesquisa agropecuária
            Uma 
              tecnologia que permite a análise não destrutiva, rápida 
              e objetiva de materiais biológicos através da sua 
              iluminação por raio laser, está sendo aplicada 
              por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) em estudos 
              ligados ao agronegócio. Essa inovação foi patenteada 
              pela universidade, com o apoio do Escritório de Gestão 
              Tecnológica da Fundação de Amparo à 
              Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), e já está sendo 
              usada em pesquisa com sementes de feijão e com sêmen 
              animal.
            O 
              potencial de aplicação do laser na pesquisa agropecuária 
              foi testado por Roberto Alves Braga Júnior, do Departamento 
              de Engenharia da UFLA, quando esteve no Centro de Investigaciones 
              Opticas (CIOp), em La Plata, na Argentina, financiado pelo governo 
              portenho. O pesquisador observou que uma técnica chamada 
              de bio-speckle poderia ser usada com eficácia para 
              visualizar áreas de diferentes níveis de bioatividade 
              em materiais biológicos como sementes de plantas.
            Após 
              os primeiros testes na Argentina, Braga Júnior e colaboradores 
              do Departamento de Agricultura da UFLA e do CIOp realizaram experimentos 
              com sementes de milho, utilizando um laser de diodo, uma lente de 
              dispersão do feixe de luz, uma lupa de aumento de 10 vezes 
              e um sistema de aquisição digital de imagem, composto 
              por uma câmera, um processador de imagens, um microcomputador 
              e um software para tratamento da imagem. 
            
              
                  | 
              
              
                | 
                   Montagem 
                    para iluminação do material biológico. 
                     
                    Crédito: Cristiano Quintino/Fapemig 
                 | 
              
            
            "Essa 
              técnica baseia-se na utilização do laser e 
              do tratamento de imagens, buscando identificar as características 
              da semente em análise por meio da mudança
              da 
              figura de interferência formada pela bioatividade do material", 
              explica o pesquisador. A área da semente iluminada pelo laser, 
              após o processamento das imagens captadas pela câmera, 
              apresenta um padrão de cinza claro na área de maior 
              atividade biológica e cinza escuro na área de menor 
              atividade.
            Depois 
              de confirmada a eficácia do bio-speckle, o Departamento de 
              Agricultura da UFLA já aplicou essa tecnologia para avaliar 
              o vigor e a viabilidade de sementes de feijão e para identificar 
              a existência de fungos nas sementes de maneira mais rápida 
              e precisa que a convencional. "O bio-speckle apresenta-se com 
              potencial para a eliminação da subjetividade, redução 
              do tempo de análise e automatização do processo 
              de avaliação da viabilidade de sementes", avalia 
              Braga Júnior. Antes da aplicação do laser, 
              os pesquisadores tinham que esperar os fungos se desenvolverem e 
              formar colônias visíveis a olho nu para identificá-los. 
              A tecnologia tornou possível, ainda, a quantificação 
              da umidade de cada semente de feijão, o que antes só 
              se podia fazer com um lote inteiro de sementes.
            O 
              laser também está sendo utilizado para avaliação 
              mais precisa e econômica de sêmen de animais. Os centros 
              de pesquisa que não possuem recursos para a compra dos caros 
              equipamentos utilizados na avaliação de sêmen 
              realizam a observação e classificação 
              das amostras através de microscópio óptico, 
              metodologia com certo grau de imprecisão. João Bosco 
              Barreto Filho, do Departamento de Medicina Veterinária da 
              UFLA, é um dos pesquisadores que está usando o laser 
              em experimentos com sêmen de eqüinos, ovinos e cães, 
              para avaliar características como o volume, o aspecto o vigor 
              e a proporção de espermatozóides móveis.
            "Além 
              do baixo custo, resultados preliminares mostram que o laser apresenta 
              boa sensibilidade e que pode ser uma ferramenta de utilidade na 
              avaliação da cinética espermática [movimentação 
              dos espermatozóides] e qualidade do sêmen em medicina 
              veterinária", afirma Barreto Filho na revista Minas 
              Faz Ciência.