Redes elétricas convencionais prejudicam arborização
das cidades
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Árvore
abre espaço para fios da rede elétrica. Foto:
Germana Barata
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Árvores
e redes elétricas disputam espaço nas ruas das cidades,
criando problemas tanto para o meio ambiente como para o sistema
de distribuição de energia. Pensando nisso, a engenheira
agrônoma Giuliana Del Nero Velasco da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), realizou uma pesquisa em que avalia os
custos de implantação das redes convencional, compacta
e subterrânea e da poda de árvores em Belo Horizonte
(MG), Maringá (PR) e Piracicaba (SP). Ela conclui que, apesar
de apresentarem um custo de implantação superior às
redes convencionais, as redes compacta e subterrânea são
mais vantajosas, pois apresentam gastos de manutenção
inferiores e afetam menos o desenvolvimento das árvores que
lhes são próximas.
A
rede convencional é caracterizada pelo conjunto de fios condutores
desencapados, apoiados sobre isoladores de vidro ou de porcelana,
fixados horizontalmente sobre cruzetas de madeira, nos circuitos
de média tensão e, verticalmente, nos de baixa tensão.
A manutenção de redes convencionais é freqüente.
"Esse tipo de rede fica totalmente desprotegido contra as influências
do meio ambiente, apresentando alta taxa de falhas e exige que sejam
feitas podas drásticas nas árvores", explica
Velasco.
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Poda
sob rede convencional. Foto: Giuliana Velasco
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Já
a rede compacta reduz a área de poda das árvores porque
utiliza cabos elétricos encapados separados a uma pequena
distância, que é mantida por espaçadores plásticos.
"As redes compactas são mais confiáveis e de
melhor qualidade no fornecimento de energia. Elas oferecem mais
segurança para o público e dividem harmoniosamente
o espaço com as árvores quando comparadas às
redes convencionais", afirma a pesquisadora.
De
acordo com Velasco, os sistemas subterrâneos de distribuição
de energia elétrica são mais complexos que os de outro
tipo. Em Belo Horizonte, por exemplo, onde em certas regiões
da cidade existe a rede subterrânea, foi constatada uma satisfatória
condição do aspecto geral das árvores, razoável
porcentagem de árvores não podadas, com redução
de um terço dos custos de manutenção da rede,
cuja confiabilidade é alta. "Pode-se afirmar que, embora
com alto investimento inicial - cerca de 10 vezes mais em relação
à rede convencional - o uso de redes subterrâneas é
vantajoso, pois exige menos reparos", diz a engenheira.
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Árvore
podada sob rede compacta. Foto: Giuliana Velasco
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Arborização
urbana
"Geralmente
as espécies vegetais são prejudicadas quando interferem
no alargamento de ruas, no conserto de encanamentos, na manutenção
de fiação aérea, na construção
e na reforma de casas", lamenta Velasco. Para a pesquisadora,
esses são alguns dos obstáculos para a arborização
de ruas. Pelo fato de as árvores não estarem em seu
ambiente natural, geralmente são danificadas, mutiladas e
até eliminadas por não serem priorizadas como bem
público.
A
agrônoma salienta também que a arborização
urbana é importante, pois influencia o microclima, porque
as árvores participam da intercepção de radiação
solar direta, reduzindo a temperatura e ajudando a melhorar a qualidade
do ar. Além disso, uma área arborizada influencia
as pessoas, muda a paisagem de ruas e parques, constituindo-se como
um espaço para o bem-estar. Também atua como fonte
de abrigo e alimento para animais e serve como meio de orientação
das vias públicas. "Ao meu ver, as árvores de
rua precisam ter sua importância reconhecida, tanto pelo poder
público, quanto pela sociedade civil, que, em geral, vêem
o verde urbano como um bem secundário", critica Velasco.