Brasil desenvolve sensores
opto-eletrônicos avançados
Pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do
Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José
dos Campos (SP), desenvolveram uma tecnologia que combina o laser
com dispositivos eletrônicos para aplicação
em sensores de direcionamento que podem ser utilizados em aviões,
satélites e até em jogos de realidade virtual. Segundo
Ricardo Teixeira, pesquisador responsável pelo estudo, esses
instrumentos são tão precisos que podem ser utilizados
na orientação de foguetes em vôos aeroespaciais
e poderão gerar tecnologia para portadores de deficiências
físicas.
A
tecnologia utilizada por esses sensores se baseia na interferência
de feixes de luz gerados por um laser que fornece a informação
de rotação a que o sensor está submetido. "Imagine
que esses sensores são capazes de medir taxas de rotação
tão imperceptíveis quanto uma pequena fração
da rotação produzida pelo ponteiro pequeno do seu
relógio, que leva 12 horas para girar 360º", sugere
Teixeira. Dispositivos como este, quando testados, informa o pesquisador,
conseguem medir a rotação da Terra sobre o seu eixo,
a uma taxa de 15º por hora nos pólos. "Eles podem
ser utilizados em aviões, por exemplo, para controlar a altura,
aterrissagem, decolagem, enfim, para auxiliar a instrumentação
de bordo e para que o piloto possa saber a velocidade e o posicionamento
da aeronave", explica.
O
primeiro protótipo produzido no laboratório do IEAv
foi testado em um vôo espacial bem sucedido em março
de 1999, quando o foguete realizou um vôo suborbital (sem
entrar em órbita). Este primeiro protótipo está
hoje exposto no Memorial
Aeroespacial Brasileiro, no Centro Cultural do CTA em parceria
com outras entidades, inaugurado em fevereiro de 2004, e que exibe
as principais conquistas brasileiras no campo aeroespacial.
A
tecnologia desenvolvida pela equipe do IEAv pode ser aplicada também
no posicionamento de satélites, ou de veículos terrestres,
em jogos ou aplicativos em realidade virtual e, possivelmente, na
orientação de pacientes tetraplégicos em cadeiras
de rodas. Através do controle dos movimentos da cabeça,
os sensores poderão direcionar a cadeira de rodas de acordo
com o desejo do paciente. Apesar de ainda não terem sido
testados com estes objetivos, já se pensa na compactação
dos modelos a fim de ampliar o leque de aplicações.