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Homicídio é a principal causa de morte
não natural entre os homens

O homicídio representa, em todo o Brasil, a principal causa de morte por causa externa (não natural) entre os homens, 26,5%, e a segunda entre as mulheres, com 17,2%, precedida por acidentes de trânsito. Essa é uma das conclusões do relatório Violência por armas no Brasil, lançado no último dia 19 pelo Núcleo de Estudos de Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP). O documento, que conta com o apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do escritório da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO), analisa a distribuição e a evolução da mortalidade por armas de fogo nas cinco regiões do Brasil, assim como nos Estados e capitais. O estudo foi baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, entre 1991 e 2000.

Uma das conclusões do documento é que as mortes não naturais são muito mais freqüentes entre homens (17,6%) do que entre mulheres (5%). Considerando os homicídios cometidos por armas de fogo, a disparidade entre os sexos é ainda maior: 93% atingem os homens, enquanto somente 7% atingem as mulheres. Em relação aos suicídios, a diferença também é grande, 85% dos quais ocorrem entre os homens e 15% entre as mulheres.

O número de mortes por armas de fogo aumentou 38% na década de 1990 e, de acordo com o relatório, 34% dos brasileiros alegam sentirem-se mais protegidos com a arma - entre eles, a grande maioria tem mais de 50 anos. Já em 2000, as armas causaram mais mortes que qualquer outro fator na faixa entre 15 e 34 anos e, na maior parte dos casos, as maiores vítimas são jovens do sexo masculino de 15 a 29 anos. Nesta faixa etária específica, os homens apresentam uma chance 13 vezes maior do que uma mulher, na mesma faixa etária, de morrer em decorrência de lesão por armas de fogo. Na faixa etária de 20 a 29 anos, essa chance sobe para 20.

Falta de informação
O documento denuncia as poucas informações a respeito das mortes por armas de fogo e a escassez de pesquisas de opinião pública sobre o porte de armas e o sentimento de medo e insegurança que levam alguns a querer possuí-las. Na maior parte dos estudos, afirma-se, não existem informações sobre os tipos de armamento utilizados, dificultando as estimativas sobre o impacto destes nas atividades criminais e na vitimização por violência.

De acordo com a coordenadora adjunta do NEP, Nancy Cardia, o objetivo do documento não é responder a todas as questões sobre a violência, mas apresentar o panorama completo da violência por armas de fogo. Ela acredita que o relatório contribuirá para que novas questões sejam levantadas e novas pesquisas sejam feitas, abordando o assunto e buscando, conseqüentemente, soluções para o problema.

Campanha do desarmamento

Uma das maneiras encontradas pelo governo de tentar conter a violência causada por armas é a Campanha Nacional do Desarmamento, lançada no dia 15 de Julho de 2004 com objetivo de durar 6 meses, mas foi prorrogada por mais 6 meses. A campanha possibilita a entrega de armas, mesmo sem registro, em troca de uma indenização que varia entra R$100 e R$300. De acordo com o site oficial da campanha, já foram entregues mais de 290 mil armas em todo o território nacional. As armas arrecadas são recicladas e utilizadas para fabricação de tubos de parques de diversão, entre outras finalidades.


  Homens Mulheres
Frequência de morte não natural 17,6% 5%
Freqüência de morte por homicídio 26,5% 17,2%
Morte por homicídio causada por arma de fogo 93% 7%
Morte por suicídio 85% 15%
Atualizado em 31/01/05
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