Mídia precisa de informações aprofundadas
sobre menopausa
Mais
da metade da população brasileira - cerca de 80
milhões de pessoas - é feminina e lida diretamente
com questões relacionadas à saúde da mulher,
como a menopausa. Este número, associado à falta
de informação sobre este processo, foi um dos fatores
que levaram a jornalista Isabel Gardenal a debruçar sobre
o tema. O estudo, intitulado Abordagem da menopausa em textos
jornalísticos veiculados em revistas de atualidade,
avaliou a abordagem sobre menopausa em textos jornalísticos
das revistas Veja, Claudia e Metrópole,
referentes ao período de junho de 2002 a maio de 2003.
O estudo também comparou a sua quantidade em relação
aos textos sobre saúde da mulher e saúde em geral.
A conclusão é que boa parte das informações
disponibilizadas na mídia sobre o assunto são superficiais.
A
pesquisadora e jornalista ressalta que, embora a situação
já não seja tão crítica como no século
XIX, quando a menopausa era considerada doença, ainda permanecem
algumas heranças. "Muitos ainda pensam que a mulher
passa a ocupar um papel secundário na sociedade quando
pára de menstruar", afirma. Segundo Gardenal, é
preciso romper com alguns estereótipos que marcam este
período da vida da mulher, em que mudanças hormonais
fazem ela passar da fase reprodutiva para não-reprodutiva.
Usualmente, a menopausa é associada exclusivamente às
constantes mudanças de humor da mulher, ao contrário
de algumas sociedades orientais, que celebram a interrupção
da menstruação apenas como o fim de uma etapa importante
na vida.
De
acordo com a pesquisa, a menopausa foi pouco difundida em relação
aos conteúdos de saúde em geral, mas foi um tema
bastante presente entre os textos que trataram de saúde
da mulher. Foram 312 textos de saúde em geral (81%) e 52
(13,54%) sobre saúde da mulher, dos quais 20 (5,20%) tratavam
da menopausa.
Outra
característica notada é a prevalência de notas
(201), quase o dobro do número de notícias (109),
seguidas pelas reportagens (63) e entrevistas (10). A presença
de uma grande maioria de textos curtos e de caráter exclusivamente
informativo, segundo Gardenal, mostra uma deficiência da
mídia, que ela considera uma das principais fontes de informação
sobre o assunto. "Há a necessidade de abordagens mais
profundas acerca do assunto, com informações sobre
todos os aspectos importantes que levam a uma maior compreensão
do leitor", afirma.
O
estudo foi concluído no último dia 14 de janeiro,
no Centro de Atenção Integral à Saúde
da Mulher (Caism) da Unicamp. Segundo os membros da banca examinadora,
existe atualmente uma preocupação nas áreas
médicas com a divulgação de saúde
na mídia, o que abre portas para que jornalistas como Gardenal
possam conduzir sua pesquisa na área médica, e não
na comunicação.
Entenda
a menopausa
De acordo com os padrões médico-científicos,
"menopausa" é um termo utilizado para
definir a última menstruação, quando
os ovários deixam de produzir os hormônios
estrógeno e progesterona. Antes da menopausa, o
período denominado climatério, marca a transição
do período reprodutivo ou fértil para o
não-reprodutivo, devido à diminuição
gradativa dos hormônios sexuais produzidos pelos
ovários, que resultam em sensações
de calor, mudanças repentinas de humor, alterações
na libido e ciclo menstrual irregular. Em média,
as mulheres entram no climatério entre 48 a 60
anos. Atualmente, existe uma série de terapias
para auxiliar as mulheres a passar por este fase, como
a reposição hormonal.
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