Alemanha reúne maior quantidade
de postos de hidrogênio da Europa
Considerado
o combustível do futuro pela baixa emissão de poluentes,
o hidrogênio é visto com bons olhos por países
como os EUA, Japão e Alemanha que são, nessa ordem,
os três países que mais investem na criação
de postos de abastecimento de veículos que usam este combustível.
Os EUA chegaram ao final de 2004 com quase metade dos postos construídos
no mundo, seguidos pelo Japão, com 15% do total, e Alemanha,
primeiro país europeu a deslanchar na construção
destes postos, concentrando atualmente um terço do total
existente no continente. O governo e a indústria automobilista
alemã investiram cerca de 33 milhões de euros (aproximadamente
120 milhões de reais) no projeto Sociedade
da Energia Limpa (CEP, em inglês), projeto internacional
que inclui representantes da indústria automobilística,
fornecedores de energia, especialistas em transportes e o governo
federal alemão. No Brasil, a Petrobrás deverá
inaugurar o primeiro posto deste tipo a partir do ano que vem,
com o objetivo de abastecer seu protótipo de ônibus
híbrido movido a hidrogênio, cuja construção
inicia neste ano.
A criação de postos de hidrogênio começou
a sair do papel a partir de 1998 e, desde então, já
existem mais de 80 postos em todo o mundo, destinados ao abastecimento
de protótipos, ou seja, modelos experimentais ainda em
fase de demonstração. O primeiro posto comercial
foi aberto em Berlim, na Alemanha e, em novembro do ano passado,
foi inaugurado o maior posto de abastecimento de veículos
movidos a hidrogênio do mundo, na mesma cidade.
Embora ainda esteja no início, carros movidos à
célula combustível estão começando
a ser respeitados pela indústria automobilística,
mas poucos modelos ainda estão em fase de teste. A montadora
DaimlerChrysler recentemente distribuiu 100 veículos
que serão testados por representantes do governo alemão,
como o chanceler Gerhard Schröder. Os carros serão
abastecidos pelo posto Aral de hidrogênio em Berlim, o primeiro
a oferecer hidrogênio na forma líquida (LH2) e gasosa
(CGH2) de modo parecido com um posto convencional de gasolina.
Na semana passada, a General Motors apresentou seu primeiro
modelo em que a energia do motor vem da reação eletroquímica
do gás de hidrogênio. A novidade do veículo,
batizado de Sequel, é que ele tem a anatomia de um carro
comum, ou seja, os tanques de hidrogênio não ocupam
a maior do espaço útil do veículo, como nos
protótipos anteriores. A previsão é que ele
esteja no mercado em cinco anos.
Alguns pesquisadores ainda discutem as vantagens do uso da célula
combustível, como por exemplo, Werner Reh especialista
em trânsito da organização ambientalista alemã.
"Estamos a anos-luz da rentabilidade desses veículos,
não acredito que a tecnologia esteja "madura"
para o mercado antes de 2020. Reh afirmou em matéria
publicada em agosto para a revista Onda Alemã (Deustche
Welle), que a indústria automobilística deveria
apostar nos veículos capazes de rodar 33 quilômetros
com um litro de gasolina, o que sairia "muito mais barato,
por não haver necessidade de investir em uma nova infra-estrutura".
Em vários países existem projetos para criação
de novos postos nos próximos anos. Na Califórnia,
o atual Governador Arnold Schwarzenegger anunciou a construção
de 200 postos em todo o estado dentro dos próximos cinco
ou seis anos. Projetos de criação de ônibus
movido a hidrogênio para demonstração ao público,
por exemplo o Transporte Urbano Limpo para a Europa (Cute,
em inglês) e um outro similar no Japão fizeram aumentar
a criação de postos tanto no Japão quanto
na Europa. O Cute, criado pela União Européia no
valor de 18,5 milhões de euros, implementou o uso de ônibus
movidos a hidrogênio nos sistemas de transportes públicos
das cidades de Amsterdã, Barcelona, Hamburgo, Londres,
Luxemburgo, Madri, Porto, Estocolmo e Stuttgart. Cada cidade recebeu
três ônibus da DaimlerChrysler que têm
sido usados regularmente para se testar a eficiência das
células combustíveis.
O principal obstáculo para a implementação
do uso do hidrogênio como combustível é o
preço, tanto para a compra do carro quanto para o abastecimento
de combustível. De acordo com o estudo de Geiger, o principal
custo do uso do hidrogênio como combustível é
a estocagem e a distribuição, mas a produção
também contribui para o alto preço: o carro Hydrogen3,
da Opel, por exemplo, não sai por menos de 80 mil euros.
Brasil
O país faz parte do Acordo Internacional para Economia
do Hidrogênio (IPHE, em inglês), projeto que tem por
objetivo criar mais programas de pesquisas de desenvolvimento
de células a combustível (F-Cell) além de
estudos sobre a produção, estocagem, transporte,
distribuição e padronização do uso
do hidrogênio como combustível. A Unicamp é
responsável pela construção do primeiro carro
movido a hidrogênio do Hemisfério Sul, em 1992, e
continua trabalhando no projeto do Vega II. A Petrobrás,
a exemplo de grandes empresas de energia, como a Shell, também
tem investido na tecnologia que utiliza o hidrogênio.
No
início do mês o Centro de Pesquisas da Petrobras
(Cenpes) anunciou o início da construção
de um posto de abastecimento de combustíveis alternativos
que deverá funcionar no fim deste ano ou no início
de 2006. O centro produzirá hidrogênio a partir de
gás natural ou de água por eletrólise para
abastecer o protótipo do ônibus híbrido. Um
dos objetivos do posto é abastecer o primeiro protótipo
de ônibus híbrido movido a hidrogênio, cujo
protocolo foi assinado em 16 de dezembro. Com autonomia prevista
para 300 km, o veículo deverá consumir R$ 3 milhões
financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em
um projeto coordenado pela COPPE da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Petrobrás, a Caio-Induscar
(fabricante de carroceria), a Eletra (fabricante de ônibus)
e a Lactec (Instituto de Tecnologia do Paraná). A previsão
é que o ônibus esteja trafegando na Ilha do Fundão
no segundo semestre de 2006.
Célula
combustível
A célula combustível é um dispositivo
eletroquímico em que o hidrogênio e o oxigênio
se combinam de uma maneira controlada (diferente de uma
combustão ou explosão) para produzir uma corrente
elétrica, calor e água. É o processo
inverso da eletrólise, em que uma corrente elétrica
separa a molécula de H2O em hidrogênio e oxigênio.Quando
utilizada em um veículo, a reação do
hidrogênio na célula faz funcionar um motor
elétrico que acaba descartando apenas água
do escapamento, sob a forma de líquido ou vapor.
A célula combustível promete aproveitar até
80% da energia gerada, enquanto um motor a gasolina de um
carro comum só aproveita 18%.
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