Construção de bibliotecas públicas demora
a sair do papel
Até
o final de 2004 o programa Fome de Livro, do governo federal,
prometeu concluir a construção de 500 bibliotecas
públicas, mas apenas 130 foram terminadas. Entre as justificativas
para o não cumprimento das metas está a demora na
liberação da verba destinada ao projeto, inicialmente
anunciada como um total de R$25 milhões, mas que não
ultrapassou a casa de R$1,6 milhão. Para este ano está
prevista a reserva de R$20 milhões.
Galeno
Amorim, coordenador do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL
- expansão do Fome de Livro) através do Ministério
da Cultura, não quis se pronunciar quanto às mudanças
nas iniciais metas do programa. Agora, restam quase mil bibliotecas
a serem construídas até o final do mandato do presidente
Lula (2006). Aparentemente, novas prioridades teriam mudado os
planos do Programa Fome de Livro, que foi lançado em abril
do ano passado (leia notícia
na ComCiência) e passou a ser estruturado dentro
do PNLL, criado no início do ano. O PNLL terá caráter
trienal e contará com a participação de 14
ministérios, fundações, institutos, governos
estaduais, prefeituras, setor privado e ONGs.
Em
2004, Amorim afirma que dentre os resultados alcançados
está a elaboração das diretrizes livro-leitura-bibliotecas,
o aumento do diálogo com a promoção de 100
encontros entre representantes das editoras, escritores, especialistas,
bibliotecários, educadores e outros para debater propostas
como a promoção da leitura, além da aprovação
da Lei de Desoneração do Livro em dezembro. A Lei
estabelece alíquota zero para o PIS/Cofins sobre qualquer
tipo de operação com livro no país, o que
poderá trazer uma redução de 10% no preço
final do livro em três anos.
Para
este ano, está previsto o funcionamento da Câmara
Setorial do Livro, a primeira a ser criada pelo Ministério
da Cultura (as outras serão de música, artes cênicas
e artes visuais), que será responsável pela política
do livro com metas até 2022, ano do bicentenário
da Independência. Em abril, os ministérios da Educação
e da Cultura planejam o lançamento da campanha nacional
de incentivo à leitura, batizada de VivaLeitura
2005, que deverá ser veiculada gratuitamente pela televisão,
rádio e mídia impressa, como parte das comemorações
do Ano Interamericano de Leitura. Criou-se também o Fundo
Pró-Leitura, que receberá a arrecadação
de 1% sobre o valor do livro vendido. Além disso, outras
ações serão anunciadas ao longo do ano, com
a participação também de outros 12 ministérios,
instituições vinculadas e estatais federais.
A
ONG Instituto
Ecofuturo concluiu uma pesquisa que mostra que o país
tem quase três vezes mais bibliotecas do que os dados oficiais,
com um total de 14.058 bibliotecas incluindo aí as existentes
em escolas e comunidades. Dentre estas, apenas 356 possuem computador
e estão concentradas na região Sudeste (41,1%),
seguidas do Nordeste (27,1%), Sul (18,8%), Centro-Oeste (7,6%)
e Norte (5,4%).
É
certo que a questão do livro entrou na pauta do governo
federal, efetivamente criando medidas para promover a leitura
e melhorando o diálogo entre todos os setores envolvidos
com o tema. Resta agora atentar para o cumprimento das inúmeras
medidas anunciadas.