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Parceria entre Brasil e Espanha não respeita a
lógica das cidades brasileiras


O Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais, do Ministério das Cidades, firmou uma nova parceria com o governo de Andaluzia, da Espanha. Na semana passada, representantes do Ministério das Cidades, do governo de Andaluzia e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional reuniram-se para estabelecer um protocolo de cooperação técnica para ações de desenvolvimento urbano, com o objetivo de usar a infra-estrutura já existente, em regiões metropolitanas, através da recuperação de prédios antigos.

O acordo pretende, de acordo com a secretária Nacional de Programas Urbanos, Raquel Rolnik, estabelecer uma diretriz no crescimento das cidades. Em notícia publicada pelo Ministério das Cidades, Rolnik afirma que o objetivo é "que as cidades cresçam para dentro, promovendo a opção de moradia perto do trabalho, do lazer, dos serviços e das oportunidades".

Acordos internacionais relativos ao planejamento urbano são, para a professora de geografia da USP, Ana Fani Alessandri Carlos, maneiras de fazer com que os interesses do capital financeiro se sobreponham aos interesses do cidadão metropolitano. (Leia entrevista com Ana Fani Carlos) Em setembro, ela organizou um evento em São Paulo, na USP, com o objetivo de discutir os 450 anos da metrópole. Dentre as discussões do evento, estava justamente a "venda" de modelos de cidade como se fossem mercadorias, ou seja, uma cidade bem administrada e moderna deve ser copiada por outros países.

Além dos problemas relacionados à importação de um "modelo" de cidade, Programas de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais são problemáticos ao reformar antigos edifícios, dando assim uma nova função às antigas formas. Este processo de revalorização tende a expulsar os antigos moradores, já que o centro fica mais valorizado. Assim, os moradores mais antigos tendem a se mudar para as periferias.

Acordos internacionais para implantação de modelos urbanos têm sido noticiados com freqüência e foram abordados no Fórum Urbano Mundial, que aconteceu em setembro, em Barcelona. Na ocasião, o Ministro das Cidades, Olívio Dutra, propôs que os empréstimos feitos para os países em desenvolvimento e direcionados para investimentos em habitação, não entrem no cálculo da dívida externa. (Leia notícia sobre o Fórum)

Leia mais:

- Regiões metropolitanas precisam de administração conjunta

- Edição da ComCiência sobre Cidades

Atualizado em 25/11/04
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