EUA desenvolvem reator nuclear portátil 
							visando países em desenvolvimento
              
            				
            				
            				
             
              Ao contrário do que se pode pensar, as usinas nucleares estão 
              em plena expansão, com 33 em construção no 
              mundo, segundo informa Alfredo Tranjan Filho, diretor de pesquisa 
              e desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
              (CNEN), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. 
              Entre as apostas, está a do Departamento de Energia dos Estados 
              Unidos (DOE), que investe em um reator nuclear portátil para 
              gerar energia e calor, voltado para países em desenvolvimento 
              e que deverá estar pronto para testes em 2015. 
            
              
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                      na foto para visualizá-la maior 
                      Esquema do reator nuclear portátil, desenhado pelo 
                      Laboratório Nacional Lawrence Livermore, dos Estados 
                      Unidos. 
                     
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            Com 
              15 metros de altura e 3 de largura, o reator portátil deverá 
              produzir de 10 a 100 megawatts elétricos (cerca de até 
              10% da capacidade da maioria dos reatores comerciais), por 30 anos, 
              livrando seus usuários da reciclagem do urânio e plutônio, 
              combustíveis altamente poluentes. Isso porque o reator, batizado 
              de SSTAR (em inglês, Small, Sealed, Transportable 
              and Autonomous Reactor - pequeno, vedado, portátil e 
              autônomo), não exige recarga de combustível 
              e, ao final do ciclo, seus produtores se responsabilizariam pelo 
              destino do resíduo radioativo produzido. É provável 
              que tantas vantagens deixem seus usuários dependentes da 
              tecnologia que, de acordo com o diretor do CNEN, deverá exigir 
              do país comprador uma intenção em não 
              desenvolver tecnologia nuclear própria. 
						O reator nuclear portátil não deve despertar interesse das autoridades brasileiras, uma vez que o sistema energético brasileiro é basicamente alimentado por hidrelétricas, pelas recém instaladas termoelétricas e ainda pelas usinas nucleares instaladas em Angra dos Reis. "O Brasil já fez grandes investimentos visando o domínio da tecnologia nuclear [e, hoje,] domina o ciclo do combustível nuclear com tecnologia própria e tem a sexta maior reserva de urânio do mundo", lembra Tranjan Filho.
						O SSTAR faz parte de uma iniciativa do governo norte-americano em desenvolver novas tecnologias de reatores, conhecidos como Generation IV, que pretendem ser mais seguros, confiáveis, econômicos e sustentáveis do que os reatores disponíveis. O projeto, assinado em 2000, estabelece a colaboração de pesquisa entre países como os EUA, Reino Unido, França, Suíça, Japão, Coréia, Canadá, Argentina e Brasil.
						Embora alguns países europeus estejam desativando seus programas nucleares, como é o caso da Alemanha, Suécia e Holanda, outros continuam com planos de ampliá-los, como a Finlândia, que deverá concluir uma nova usina no ano que vem, ou outros, como os EUA, estudam formas de aumentar em 20 anos a vida útil de suas 104 plantas. Contrariamente aos argumentos de que a energia nuclear deve ser banida em função dos riscos ambientais e à saúde que ela possa causar, os especialistas apostam nela como uma alternativa aos combustíveis fósseis para geração de eletricidade. 
						
            Mohamed 
              ElBaradei, diretor geral da Agência Internacional de Energia 
              Atômica (em inglês, IAEA) dos Estados Unidos, afirmou 
              em artigo 
              publicado pela instituição, que, se as 440 usinas 
              nucleares atualmente em operação no mundo fossem desligadas 
              e substituídas por uma mistura proporcional de fontes não 
              nucleares, haveria um aumento 600 milhões de toneladas de 
              carbono por ano na atmosfera, o que representa aproximadamente o 
              dobro da quantidade total que se pretende evitar por meio do Protocolo 
              de Quioto até o ano de 2010.
						
            Para 
              receber um certificado da Comissão Reguladora Nuclear (NRC) 
              norte-americana, o Laboratório Nacional Lawrence Livermore, 
              dos EUA, responsável pela coordenação do projeto, 
              terá de assegurar ausência de riscos de acidentes para 
              a tecnologia do SSTAR, desenvolver materiais que resistam aos perigos 
              de corrosão por longa exposição aos nêutrons 
              e garantir um processo de resfriamento do reator, antes de ser transportado.
            
              
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                   Atualmente, 
                    as usinas nucleares respondem por 16% da energia elétrica 
                    produzida no mundo. A tabela mostra o percentual de geração 
                    elétrica de origem nuclear em alguns países. 
                    Crédito: CNEN. 
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							Leia mais:
              - 
              Artigo original, em inglês, na Science & Technology 
              sobre o reator nuclear portátil publicado. Nuclear Energy 
              to Go: a self contained, Portable Reactor.
						
            - 
              Reportagem 
              da ComCiência sobre Energia Nuclear: custos de uma 
              alternativa