Cresce
número de pesquisas sobre qualidade de vida
O
meio científico está se voltando cada vez mais para
a melhoria da qualidade de vida, tema que vem sendo debatido por
muitos pesquisadores da área de saúde. Uma análise
das publicações do Pubmed - serviço de busca
eletrônica de artigos da Biblioteca Nacional de Medicina dos
Estados Unidos - revela o crescimento do interesse na área.
Enquanto em 1998, uma busca utilizando o termo qualidade de vida
no título de artigos resultava em 893 artigos, em 2003 este
número passou a 1578 citações, um crescimento
de 76%. "Este aumento deve-se principalmente ao crescimento
da expectativa de vida", afirma Marcelo Fleck, pesquisador
do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Com
o avanço das técnicas de diagnóstico e tratamento
de diversas doenças, hoje muitas pessoas conseguem conviver
durante muito tempo com doenças que até pouco tempo
atrás eram consideradas fatais. O câncer, a Aids, o
diabetes e as doenças cardiovasculares são alguns
dos exemplos em que muitos pacientes já conseguem vencer
a batalha contra a morte, porém ainda precisam se preocupar
com questões relativas à manutenção
da qualidade de vida, não só no que se refere à
sua saúde física, mas também mental e social.
"Hoje há uma compreensão mais ampla do conceito.
Profissionais de diversas áreas, psicologia, medicina, sociologia,
antropologia, nutrição, etc., passaram a desenvolver
trabalhos interdisciplinares para a promoção da saúde",
afirma Eliane Seidl, pesquisadora do Instituto de Psicologia da
Universidade de Brasília.
O
interesse em conceitos como padrão de vida e qualidade de
vida foram inicialmente partilhados por filósofos, cientistas
sociais e políticos. "No campo da medicina, a preocupação
com os conceitos aumentou a partir de um movimento dentro das ciências
humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros
mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição
da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida", explica
Fleck. A avaliação da qualidade de vida foi acrescentada
nos estudos clínicos como a terceira dimensão a ser
avaliada, além da eficácia (modificação
da doença pelo efeito da droga) e da segurança (reação
adversa a drogas).
Com
o aumento de estudos nessa área, cresceu também o
número de instrumentos disponíveis para avaliação
da qualidade de vida dos pacientes. Esta busca, levou a Organização
Mundial da Saúde a desenvolver um projeto para a elaboração
do WHOQOL-100, um instrumento de avaliação de qualidade
de vida disponível em 20 idiomas que faz esta medida dentro
de uma perspectiva internacional. Segundo Fleck, a vantagem destes
novos instrumentos é a valorização da opinião
do próprio paciente: "nas mais diversas áreas
do conhecimento, parece haver um consenso de que o cliente é
o foco do interesse".
Estes
e outros assuntos serão debatidos no II
Encontro Ibero-Americano de Qualidade de Vida, que acontecerá
entre 19 e 21 de agosto de 2004, em Porto Alegre.