Notícias da Semana

Notícias Anteriores

Eventos
Julho
Agosto
Setembro
Outubro

Divulgue
seu evento


 



Casca de cupuaçu gera energia para
comunidade da Amazônia


Além da tradicional produção de licor, geléias, doces e cupulate, o cupuaçu também pode gerar energia através da queima de sua casca, geralmente descartada. O projeto de Gaseificação da Amazônia deverá inaugurar em setembro um equipamento que utiliza a casca desta fruta como biomassa para a geração de 20 kW (suficiente para acender 200 lâmpadas de 100 watts) para alimentar uma agroindústria para a extração e venda da polpa do cupuaçu, hoje vendida in natura. Os beneficiados são 187 famílias de agricultores da comunidade de Tuiué, localizada a 90 km de Manaus (AM), no município de Manacapuru, que testam o sistema desde junho, em uma experiência coordenada pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) da USP, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto de Pesquisas Tecnológica (IPT).

"A casca o cupuaçu foi escolhida por ser o resíduo mais abundante na comunidade de Tuiué, onde está instalado o sistema", explica Sandra Apolinário, engenheira do Cenbio. A casca, com umidade máxima de 6% é queimada dentro do gaseificador com pouco oxigênio. A combustão incompleta produz, no lugar da fumaça, um gás de síntese, com poder calorífico em torno de 25% do gás natural e que é adicionado ao motor a diesel, reduzindo em até 80% o consumo. "Se o motor consumia 5 litros de diesel por hora, passará a usar apenas 1 litro", exemplifica Osvaldo Martins, coordenador técnico do projeto.

O sistema tem capacidade líquida de 15 kWh, consumindo 20 quilos de cascas de cupuaçu por hora. Esta quantidade de energia pode parecer insuficiente, se consideramos os níveis de consumo urbano, mas para é suficiente para suprir as necessidades de uma comunidade isolada, como a Tuiué.

O custo da unidade de gaseificação foi de aproximadamente R$ 100 mil, com recursos do Fundo Setorial de Energia da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Para Martins, embora este custo seja superior aos sistemas diesel instalados, é preciso considerar os benefícios sociais e ambientais envolvidos na tecnologia de gaseificação, uma vez que a biomassa utilizada como combustível é proveniente da atividade econômica da região.

O coordenador técnico do projeto lembra que o Brasil conta com alternativas renováveis mais desenvolvidas do que a gaseificação de biomassa, tais como etanol e as pequenas centrais hidroelétricas. "Mas, no momento, a tecnologia de gaseificação de biomassa pode substituir o GLP [gás de cozinha] em indústrias com bastante eficiência", enfatiza Martins.

Uma das metas do projeto é a fabricação desses equipamentos pela indústria nacional, já que o utilizado foi importado da Índia. "Em breve poderemos conhecer as empresas interessadas na fabricação de sistemas de gaseificação de biomassa para geração de energia elétrica", informa a engenheira.

Transformação
A gaseificação da biomassa ou de qualquer combustível sólido em gás é conhecida há muito tempo, mas veio à tona com a primeira crise do petróleo. Houve muitas iniciativas em pesquisas com este método como opção energética, uma vez que o gás é um combustível mais limpo e que prolonga a vida útil dos motores que o utilizam. O processo de gaseificação é basicamente o mesmo dos antigos gasogênios (aparelho que produz gás combustível pela queima de carvão), porém estes equipamentos não podiam operar com biomassa in natura, como a casca do cupuaçu. Outra diferença está na composição do gás produzido, menos poluente do gerado pela queima direta, pois ele passa por dois sistemas de limpeza que removem o alcatrão (resíduo de carvão ou petróleo) e o material particulado.

A produção de energia elétrica a partir da biomassa, que pode utilizar uma infinidade de resíduos vegetais, tem sido considerada uma importante alternativa para os países em desenvolvimento e mesmo para os países europeus, dependentes de fontes energéticas baseadas em combustíveis fósseis.

Atualizado em 30/07/04
http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2001
SBPC/Labjor

Brasil