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Mapa genético do milho tropical pode auxiliar
melhoramento vegetal

A maior produtividade e resistência de cultivares utilizados para a produção de alimentos inclui constantes melhoramentos genéticos que, por sua vez, se baseiam no conhecimento da diversidade genética. A maioria destes estudos é realizado em vegetais de clima temperado por países do hemisfério norte, não contemplando os cultivares de clima tropical. Esta lacuna de informações, especificamente em relação à diversidade genética dos cultivares de milho mais utilizados no Brasil, foi o foco de pesquisadores do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp, em parceria com pesquisadores da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), que realizaram um estudo sobre o mapa genético do milho tropical, publicado na revistacientífica Hereditas.

No estudo, foram investigadas as relações de parentesco genético de 96 linhagens de milho tropical por meio de uma técnica de biologia molecular conhecida por AFLP. A técnica permite determinar diferentes características de DNA e marcadores moleculares - que identificam diferentes linhagens.

“A grande diversidade existente entre as linhagens de milho não é completamente conhecida. Os métodos moleculares têm sido utilizados como uma alternativa eficiente para a avaliação da diversidade genética com o objetivo de gerar novos híbridos” informa uma das responsáveis pela pesquisa, Anete Pereira de Souza, do CBMEG. As sementes híbridas são resultado do cruzamento de duas variedades diferentes. Elas costumam ser maiores e produzem frutos maiores ou em maior quantidade, o que é conhecido como o “vigor do híbrido”.


Nos últimos 50 anos, foi desenvolvido um grande número de linhagens de milho, mais produtivas e resistentes a pragas, provenientes de uma base genética estreita (cruzada a partir de um número limitado de linhagens iniciais). Esse tipo de cruzamento causa risco de perda da diversidade genética, além de dificultar o cruzamento de linhagens atuais que apresentem características genéticas interessantes do ponto de vista agronômico.

O estudo demonstrou ainda que o uso de marcadores moleculares é eficiente para a identificação de diferentes linhagens de milho tropical e agiliza a identificação das linhagens distantes, que podem ser utilizadas para a produção de novas linhagens híbridas em programas de melhoramento genético, mais eficientes economicamente. Esse método de identificação de linhagem, além de não interferir nos fatores ambientais, possibilita a comparação entre as características genéticas de diferentes linhagens.

Outro foco de estudo do grupo é o da identificação de genes de interesse econômico, como os relacionados a maior concentração de óleos em diferentes linhagens, utilizando-se também das informações genéticas fornecidas pelo uso de marcadores moleculares.


A identificação de genes das linhagens, além de permitir um entendimento melhor do parentesco genético entre as linhagens, previne a uniformização das culturas, pelo cultivo e cruzamento contínuo de linhagens muito aparentadas. Além disso, em médio prazo, permite novas possibilidades de melhoramento genético a partir de cruzamentos entre plantas pouco aparentadas.


Proteção garantida por lei

O desenvolvimento de uma nova linhagem vegetal é um processo caro e demorado, que pode demorar mais de uma década. Existem leis especiais para a proteção de novos cultivares de espécies vegetais como algodão, arroz, batata, feijão, milho, soja, sorgo e trigo.

O primeiro passo para proteger legalmente um novo cultivar é a sua identificação por meio de critérios estabelecidos, conhecidos como descritores.  Segundo a Lei de Proteção de Cultivares, sancionada em abril de 1997, o descritor é “a característica morfológica, fisiológica, bioquímica ou molecular que seja herdada geneticamente, utilizada na identificação do cultivar”.

Entretanto, as diferenças de formato e de produção de proteínas pelas plantas nem sempre são suficientes para identificação de cultivares, especialmente entre linhagens muito aparentadas.  Nestes casos, para o registro e a proteção de um cultivar, as empresas de melhoramento genético solicitam a liberação da identificação molecular.

“A identificação molecular é aceita, porém não existem ainda laboratórios credenciados para a realização dos testes genéticos. Também é necessária uma padronização dos protocolos utilizados, para que todos os laboratórios trabalhem com técnicas comparáveis entre si”, acredita a pesquisadora da Unicamp, Anete Pereira de Souza.



Atualizado em 25/06/04

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