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Nova técnica aponta excesso de metais em adoçantes

Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Química da USP avaliou a quantidade de metais presentes em diversas marcas de adoçantes dietéticos e observou, em algumas delas, excessos que podem ser prejudiciais à saúde. Foram analisadas 26 amostras de 13 marcas diferentes - nove líquidas e 17 em pó solúvel. Seis marcas ultrapassaram o limite permitido por lei para a quantidade de arsênio e sete apresentaram excesso de cromo.

As amostras de adoçante em pó apresentaram concentrações metálicas mais elevadas que as do produto líquido. Duas amostras de adoçantes líquidos mostraram quantidades irregulares de níquel - o que pode ser associado às ligas de aço que compõem os fornos e misturadores. Já nos adoçantes em pó, foram encontradas altas concentrações de ferro e de magnésio.

Segundo a pesquisadora do instituto, Darilena Porfírio, os produtos em pó têm maior quantidade de metais porque possuem em suas fórmulas açúcares que servem de diluentes para os edulcorantes - substâncias responsáveis pelo sabor, como a sacarina, o aspartame, o ciclamato, a stévia e a sucralose.

De acordo com Porfírio, o arsênio, um dos elementos encontrado em maior quantidade do que é permitido, pode causar comprometimento de funções dos rins, do fígado e na formação de tecidos. "Quanto ao níquel, a dermatite de contato é o efeito clínico mais importante da exposição excessiva a este elemento", explica a pesquisadora.


Nova técnica
As análises foram feitas a partir do aprimoramento da técnica conhecida como espectometria de emissão óptica, que permite determinar a quantidade de ferro, cobre, alumínio, níquel, arsênio, chumbo e outros elementos nos adoçantes e outros tipos de alimentos.

O procedimento ficou mais ágil com a substituição da digestão ácida dos componentes orgânicos dos adoçantes pela simples diluição em água. O novo método, conduzido pelos pesquisadores do instituto, obteve resultados semelhantes ao tradicional, mas em um tempo seis vezes menor. A técnica antiga, de acordo com a Porfírio, além de demorar mais, consumia mais regentes e, por ser um trabalho repetitivo, poderia ocasionar imprecisões na determinação da quantidade de metais.

"O objetivo do trabalho foi facilitar a etapa da preparação das amostras desses produtos e torná-la mais adequada à rotina de uma análise de controle de qualidade de uma indústria alimentícia", afirma a Porfírio.


Consumo
A pesquisa foi motivada pelo aumento do consumo de adoçantes dietéticos no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (ABIAD), os produtos da linha diet/light movimentaram cerca de US$ 1 bilhão no país em 1998 e a soma até 2005 deve chegar a US$ 7 bilhões.

Até 1988, os adoçantes eram registrados na Divisão de Medicamentos do Ministério da Saúde. Depois disso, eles passaram a ser registrados na Divisão de Alimentos, o que, segundo a pesquisadora, resultou em uma maior liberdade na formulação, que permitiu uma expansão de mercado.

"A presença desses metais em alimentos tem limites máximos estabelecidos pelos organismos nacionais e internacionais de proteção alimentar, tais como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde", explica a pesquisadora Elizabeth Nascimento, do Instituto de Farmácia e Toxicologia da USP.

Na legislação brasileira, existe controle de contaminantes inorgânicos, metais ou não metais, para alguns alimentos, mas não há um controle especificamente para os adoçantes. O registrante deste tipo de produto deve apresentar ensaios toxicológicos junto à Anvisa e, se a presença destes compostos estiver em concentrações inferiores às estabelecidas na legislação, não há problemas para o consumo humano.

"O consumidor deve estar atento na escolha, pois os adoçantes estão classificados como alimentos para fins especiais destinados a grupos populacionais específicos", diz Porfírio. Além disso, é preciso seguir as recomendações feitas nas embalagens quanto ao consumo máximo diário desses produtos.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Anvisa, os limites de metais nestes produtos são estabelecidos pelo órgão, mas cabe às vigilâncias sanitárias fiscalizar as indústrias.

Atualizado em 03/06/04
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