Produto derivado do óleo de mamona é nova opção
no rejuvenescimento facial
No
ano de 2003, a agência reguladora de remédios dos Estados
Unidos, a FDA, aprovou o uso de próteses fabricadas com o
óleo de mamona, planta nativa brasileira. O produto, testado
e fabricado no Brasil, já é usado como substituto
de ossos danificados em acidentes e tem baixa rejeição
pelo organismo. Agora, a mamona (Ricinus communis) entra
novamente em cena como uma nova opção no rejuvenescimento
facial, por meio de implantes realizados sob a pele para a correção
de flacidez.
Gilberto
Chierice, do Instituto de Química da USP de São Carlos
e coordenador da pesquisa com as próteses de mamona, iniciou
em 2003 uma nova pesquisa usando o polímero de poliuretana
de óleo de mamona, na forma de fio serrilhado, como implante
subdérmico, chamado de Fio Lifting Biológico. Segundo
o pesquisador, as moléculas desse polímero são
muito semelhantes às moléculas de gordura existentes
no organismo humano, características que as tornam biocompatíveis.
''Já os implantes derivados de petróleo ou metal são
vistos como um artefato estranho ao organismo, e por isso, correm
risco de rejeição'', explica. Outra vantagem do implante
desenvolvido é induzir a formação de colágeno
(proteína fundamental para as fibras de tecido e estruturas
do corpo) e eliminar o surgimento de bactérias, quando confeccionado
em formas sólidas.
O
objetivo principal dessa pesquisa, que faz parte do mestrado em
Bioengenharia do médico Athanase Chritos Dontos, foi analisar
o grau da resposta inflamatória do tecido celular subcutâneo
após receber o implante do fio de óleo de mamona.
Os
fios foram implantados no tecido celular subcutâneo de camundongos,
sob anestesia local, e em pacientes com flacidez dérmica
facial. No primeiro caso, analisou-se os tecidos e estruturas celulares,
e no segundo, as modificações que surgiram a partir
de fotografias tiradas no pré e pós-operatório.
Dentre
os resultados obtidos, constatou-se que o implante levou à
formação de fibroblastos - células que produzem
fibras de tecido conjuntivo, como por exemplo, o colágeno.
"A presença mecânica do fio de mamona provoca
tensão e a reação de cicatrização
induz a formação de fibras de colágeno; além
disso, esse material, quando implantado, não produz reação
inflamatória", explica o pesquisador.
Durante
o processo natural de envelhecimento, há degeneração
de proteínas que entram na composição da pele,
como o colágeno e a elastina, resultando na perda da elasticidade
da pele e tecidos adjacentes. Entre os fatores que contribuem para
o envelhecimento estão a ação natural da força
da gravidade, a radiação solar, além da contribuição
de fatores genéticos.
Segundo
a Sociedade Brasileira
de Medicina Estética, o Brasil é o vice-campeão
mundial em cirurgias plásticas e em aplicação
da toxina botulínica (o Botox), ficando atrás apenas
dos Estados Unidos. Atualmente, vários procedimentos médicos
realizados em consultório proporcionam melhorias na aparência,
sem os inconvenientes, riscos e custos de uma cirurgia plástica.
O
produto já vem sendo testado em pacientes, mas aguarda a
certificação de fabricação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Posteriormente,
serão desenvolvidos testes de implantação do
fio biológico de mamona em outros locais do corpo, na correção
de flacidez de braços, nádegas, abdomens, coxas e
também no tratamento de estrias.
A
pesquisa foi reconhecida como o melhor trabalho apresentado durante
o I Congresso Mundial de Medicina Estética da Associação
Internacional de Medicina Estética (ASIME) no Brasil, em
março de 2004.