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Fome de Livro quer implementar
políticas públicas de leitura

Começou no último dia 15 a 18ª Bienal Internacional de Livros, em São Paulo, considerado o maior evento do gênero da América Latina e que coloca à venda mais de 150 mil títulos, além de outros 2 mil lançamentos. No Brasil, cerca de 6,5 milhões de pessoas ainda não têm acesso a livros, segundo estimativas da Câmara Brasileira do Livro. Na tentativa de melhorar esta estatística e de diminuir o chamado analfabetismo funcional (dificuldade de interpretar o que é lido) - que atinge mais de 60% da população - o governo federal lança neste mês o Programa Fome de Livro, que promete levar bibliotecas públicas aos cerca de 1,3 mil municípios brasileiros que ainda não contam com estas instalações, até 2006, e integrar iniciativas já existentes para incentivar o gosto pela leitura no país.

Coordenado pela Fundação Biblioteca Nacional e pelo Ministério da Cultura, o Programa conta com uma verba orçada em R$25 milhões para agir em três frentes simultaneamente: democratizar o acesso aos livros e implementar a política nacional de leitura, via bibliotecas públicas; fomentar a leitura por meio de educadores para incentivar a leitura; e valorizar o livro através de campanhas que deverão ser veiculadas pelos meios de comunicação. Cada biblioteca será equipada com um acervo estimado em 2,5 mil títulos que variam entre a ficção, não-ficção, infanto-juvenil e infantil - que estão sendo selecionados por 40 especialistas - além de computador, videocassete e contará com a assinatura de jornais e revistas.

De acordo com Galeno Amorim, coordenador do Fome de Livro, trata-se de um programa que fará a articulação entre os vários projetos existentes e reativar projetos e programas que foram desestruturados nos últimos anos, contando para isso com o apoio dos governos estadual e municipal, iniciativas privada e estatal e organizações da sociedade civil.

"O grande desafio que se tinha no passado e se tem hoje é ter uma política pública de leitura que enxergue o país para os próximos 20 anos, para quando houver troca de um governo, não venha alguém que acabe com bons programas como é o caso do Proler", esclarece Amorim.

A idéia de implementar a leitura no país não é nova. Um dos programas de incentivo à leitura de maior impacto surgiu no início da década de 90 quando o então diretor da Biblioteca Nacional, Affonso Romano de Sant´Anna, idealizou o Proler com a idéia central de trabalhar a questão da leitura fora da escola. "A estratégia era utilizar a leitura para a modificação social e econômica, [pois] quando produzimos um leitor, estamos modificando a sociedade", acredita Sant´Anna, que também é poeta e cronista. Ele informa que o Proler chegou a 300 municípios e contou com a participação de mais de 30 mil voluntários que trabalhavam para orientar novos profissionais e contar histórias para crianças, presidiários e comunidades afastadas ou que não tinham acesso às bibliotecas. Aos poucos, o Proler deixou de receber incentivos do governo federal, até passar a operacionalizar praticamente sem o apoio do governo.

A coordenadora do Proler da Baixada Santista, Conceição Dante, não tinha conhecimento sobre Programa Fome de Livro, mas recebeu a notícia com entusiasmo. Ela informa que o Proler não recebe investimentos do governo federal, embora seja ligado à Biblioteca Nacional. Para continuar caminhando, o programa depende da colaboração do trabalho de voluntários, parcerias feitas com a iniciativa privada e algumas editoras, além do apoio da Universidade Santa Cecília, onde está localizada a sede. O principal objetivo do programa, que completa 10 anos e opera em 10 municípios do litoral Norte e Sul da Baixada Santista, é capacitar professores do ensino básico e bibliotecários, que funcionam como um multiplicadores do conhecimento. Este processo é feito dentro do Espaço Leitura, criado em prédios, hospitais, creches e outros locais, através do recrutamento da população que sai em busca de livros para compor uma biblioteca. Mesmo sem apoio do governo, Dante acredita que "não se pode apenas criticar o governo se não corrermos atrás" e pensa que tem havido melhorias nos governos em relação à leitura que passou a encontrar mais espaço dentro das discussões.

Affonso de Sant'Anna e Conceição Dante esperam que o Ministério da Cultura não dispense a contribuição de profissionais envolvidos em projetos de incentivo à leitura, como o Proler, "para não começarem do zero". Ainda em fase inicial, Galeno Amorim garante que o Fome de Livro está em contato com editores, livreiros, bibliotecários, educadores, secretários estaduais da cultura, além de especialistas, que têm sido convidados para opinar e contribuir com o projeto.

Sant'Anna afirma que o governo acertará se estiver integrando o tripé: leitura-livro-biblioteca. Ele lembra ainda que é preciso não apenas construir bibliotecas, mas é preciso investir em programas de leitura e permitir a produção de livros mais baratos. E este é, segundo Amorim, também objetivo do Fome de Livro que pretende trabalhar para que a Lei do Livro, sancionada em outubro em 2003, seja regulamentada. Esta Lei estipula, entre outras coisas, baratear o custo final de livros de uma maneira geral.

Durante a 14a Convenção Nacional de Livrarias, no último dia 13, Amorim afirmou que 500 bibliotecas deverão ser implantadas ainda neste ano, outras 500 no próximo ano e o restante em 2006. No final do mandado de Luiz Inácio Lula da Silva, estima-se que cerca de 3,25 milhões de livros estarão nas prateleiras das novas bibliotecas, sendo que um quinto deverá ser adquirido nos estados pelos parceiros locais dos programas, dando preferência a autores e temas regionais.

Atualizado em 16/04/04
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