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Coca-Cola admite vender água de torneira com bromato

Desceram pelo ralo os planos da Coca-Cola de conquistar o mercado britânico de água engarrafada. A empresa acabara de introduzir a marca de água que é a segunda no mercado norte-americano, a Dasani. Mas foi obrigada, na semana passada, a recolher mais de 500 mil garrafas dos mercados da Grã Bretanha, depois da identificação da presença de brometo, um sal potencialmente cancerígeno, em níveis superiores aos permitidos pela lei. Na semana anterior, a empresa já havia sofrido outro golpe, sendo obrigada a admitir que a água contida nas garrafas de Dasani tem como origem a torneira, e não vem diretamente de fontes naturais.

O bromato foi parar nas garrafas de Dasani britânicas para que fosse cumprida uma lei que obriga as empresas de água a adicionarem cálcio em seus produtos. Para fazer isso, a Coca-Cola adicionou cloreto de cálcio. Esse cloreto, que costuma carregar consigo traços de brometo, transformou-se em bromato após o processo de ozonização, uma técnica de purificação da água.

Depois da denúncia, a Coca-Cola decidiu abortar a entrada no mercado britânico da marca Dasani. A empresa já está presente no mercado de água engarrafada da região com a água mineral Malvern. Os prejuízos devem ser grandes, já que a Coca-Cola gastou quase US$ 13 milhões na promoção do produto e pretendia vender US$ 65 milhões apenas neste primeiro ano. O mercado de água na Grã Bretanha tem crescido em uma taxa de 20% ao ano.

Os planos de entrar ainda este ano com a marca na França, um dos maiores mercados de água engarrafada do mundo, e na Alemanha, estão mantidos, segundo a empresa. Os grandes vendedores de água engarrafada na Europa hoje são a Nestlé e a Danone.

Ao que parece, o processo de "purificação" de água da Coca-Cola traz mais prejuízos do que benefícios. A torneira a partir da qual a Coca-Cola enche os vidros de Dasani, localizada em uma das plantas de produção da empresa na Grã-Bretanha, oferece uma água aprovada em 99,9% dos testes de qualidade. Foi o processo industrial que adicionou a substância cancerígena. Além disso, a água dessa torneira é substancialmente mais barata: dentro da garrafa, ela custa três mil vezes mais do que ao sair da torneira.

Uma avaliação da companhia independente de pesquisa Canadean mostrou que, de cinco garrafas de água presentes nas prateleiras em todo o mundo, duas não passam de água de torneira submetida a processos de filtragem. Marcas como a Pure Life, da Nestlé, e Aquafina, da Pepsi, são, no mercado europeu, rótulos para água de torneira filtrada.

No Terceiro Mundo, refrigerantes com pesticida
Como sempre, uma sorte pior têm tido os países subdesenvolvidos com a qualidade de suas bebidas. Denúncia feita por ONGs indianas - e confirmadas por testes governamentais - mostram que as duas principais marca de refrigerante tipo cola operando no país, a Coca e a Pepsi, estão contaminadas por pesticidas, incluindo DDT.

Na Coca-Cola vendida na Índia foram encontrados pesticidas em níveis trinta vezes maiores do que os permitidos na União Européia. Os testes foram realizados por institutos independentes e pelo próprio governo indiano. No estado do Kerala, o pesticida pode ter vindo da própria companhia, que doou resíduos de produção aos agricultores. Assim, o solo e os lençóis subterrâneos - também utilizados pela empresa para a produção de refrigerante - acabaram contaminados.

Nessa mesma região, a Coca-Cola está proibida legalmente de continuar fazendo uso da água até junho, quando começa o período de chuvas. A produção de refrigerante estava secando as reservas de água locais. A empresa utilizava, diariamente, 1,5 milhão de litros de água para a produção de refrigerante.

Atualizado em 31/03/04
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