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Divulgação científica entrou em rota de colisão com neofascismo, tropa de choque do neoliberalismo

Por Rafael Evangelista

Jornalistas de ciência e comunicadores científicos passaram a ser alvo do mesmo tipo de perseguição que profissionais da informação política já vêm sofrendo há algum tempo. Esses dois fenômenos são correlatos. Alguns divulgadores estão assumindo um protagonismo necessário em defesa da precaução, do cuidado e da vida, acima das demandas de um sistema produtivo que se recusa a parar – a despeito das mortes que produz. Continue lendo Divulgação científica entrou em rota de colisão com neofascismo, tropa de choque do neoliberalismo

Correntezas da morte: imigração e neoliberalismo

Por Roberto Romano

Como na maioria de nossas palavras e instituições, o império romano serve como fonte para entendermos o modo pelo qual o estrangeiro é assumido ao longo da história antiga, medieval e moderna. Não é o caso de retomar agora todo o fio lógico e social que define a recepção ao estrangeiro no transcurso de pelo menos dois mil anos. Há uma peculiaridade a ser discutida quando falamos na absorção de coletividades não indígenas em organizações políticas sólidas. No caso da Grécia existiam cidades Estado, cada qual com sua compacta formação étnica, cultural e política. O elemento mais amplo do termo “helênico” – supostamente todas as urbes eram irmãs– não garantia unidade entre elas. Dizia-se de modo inócuo: uma guerra que as envolvesse destruiria sua ligação “familiar”. Como Tucídides informa, se existiu “família” no território grego ela mimetizava os mitos e tragédias entre irmãos. Havia direito inclusive ao canibalismo, pois sobrinhos eram servidos aos irmãos em banquetes. Pais devoravam os próprios filhos. Atreu e Tieste são ícones da “fraternidade” entre Atenas, Esparta e outras cidades. Continue lendo Correntezas da morte: imigração e neoliberalismo

O refúgio por motivos de orientação sexual e identidade de gênero

Por Vítor Lopes Andrade

Desde as décadas de 1980 e 1990, existe a possibilidade de reconhecimento do status de refugiado/a para aquelas pessoas que fugiram de seus países de origem por terem sido perseguidas, ou por temerem ser perseguidas, em razão de suas orientações sexuais e/ou identidades de gênero (OSIG). Apesar de a Convenção de 1951 (Acnur, 1951) – que instituiu a categoria “refugiado” e os cinco critérios clássicos de perseguição – não mencionar OSIG, passou-se a se entender que as pessoas que se identificam como gays, lésbicas, homossexuais, bissexuais, trans – ou que tenham desejos afetivo-sexuais por pessoas do mesmo sexo, ainda que não se utilizem de nenhuma dessas categorias identitárias – estariam sujeitas a proteção internacional por pertencerem a um “grupo social específico”, um dos cinco critérios clássicos estipulados pela Convenção. Continue lendo O refúgio por motivos de orientação sexual e identidade de gênero

As cores ao longo da ciência

Por Peter Schulz

A epidemia de Peste Bubônica, que assolou a Inglaterra entre 1665 e o ano seguinte, ficou conhecida como a Grande Praga de Londres[i], mas espalhou-se também por várias cidades menores, inclusive Cambridge, onde se encontrava o jovem Isaac Newton. O Trinity College da universidade local interrompeu as atividades em agosto de 1665 e o recém-formado e já promissor filósofo natural se refugiou em Woolsthorpe, sua cidadezinha natal. Para a História da Ciência o período da epidemia ficou conhecido como Anni Mirabilis, devido às contribuições de Newton ao conhecimento humano realizadas durante seu isolamento. Uma das contribuições é uma Teoria das Cores, cujo ponto de partida foi a observação da decomposição de um feixe de luz branca nas cores do arco íris ao passar por um prisma. Continue lendo As cores ao longo da ciência

O colorido das flores e a polinização

Por Maria Gabriela G. de Camargo, João Marcelo Robazzi B. V. Aguiar e Pedro Joaquim Bergamo

Como as flores usam as cores para se comunicar com seus polinizadores? Como diferentes polinizadores enxergam estas cores e selecionam as flores que irão visitar? Continue lendo O colorido das flores e a polinização

Pigmentos naturais: potenciais fontes e efeitos benéficos

Por Renan Chisté e Ana Augusta Odorissi Xavier

Os pigmentos naturais estão amplamente distribuídos ao nosso redor.  Estão nas cores que enxergamos em diferentes frutas e vegetais que conhecemos, como a cenoura, acerola e kiwi; nas folhas das diversas árvores em uma floresta; nas rosas, orquídeas e amores-perfeitos do nosso jardim. Da mesma forma, os pigmentos também colorem as penas de aves como o flamingo, além de estarem presentes em outros animais e alguns minerais. Graças aos avanços da ciência, hoje sabemos que alguns microrganismos também são capazes de sintetizar pigmentos, a exemplo de algumas microalgas (Chlorella), bactérias e também fungos. Continue lendo Pigmentos naturais: potenciais fontes e efeitos benéficos

Percepção da cor na leitura de obras de arte por pessoas daltônicas

Por Vanessa Pavelski da Gama e Joedy Luciana Barros Marins Bamonte

A denominação popular unifica a diversidade rotulando invariavelmente como “daltonismo” qualquer identificação cromática divergente do geralmente observado por aqueles que ‘’percebem todas as cores’’. Dessa forma, no senso comum não existe margem para especificidades como deuteranopia, pronatopia e tritanopia, mencionando apenas três tipos diferentes “da visão normal”. Um universo de diversidade perceptiva é trivializado e isso é problemático para a própria integração de tal diversidade na sociedade ativa, que consome cultura visual diariamente. Continue lendo Percepção da cor na leitura de obras de arte por pessoas daltônicas