Na relação entre fornecedor e consumidor, em muitas vezes o consumidor é intencionalmente desinformado. É inerente a essa relação uma situação de vulnerabilidade, e daí que se tem a necessidade de uma “defesa do consumidor”, já que este é o elo mais fraco por, exatamente, não ter acesso a todas as informações dos produtos, seja por ser informado parcialmente ou erroneamente. O relatório Caminhos da Desinformação reúne reflexões de pesquisa quantitativa que foi realizada no contexto desse primeiro esforço que tivemos em pensar a desinformação no Brasil a partir de um recorte religioso. A escolha pelo tema da religião teve relação com dois fatores. Primeiro a indicação de reportagens de que sites e influencers religiosos seriam destacados disseminadores de fake news. Um outro elemento que nos fez considerar esse segmento foi a compreensão de que um dos elementos mais importantes para a disseminação da desinformação é a sua circulação a partir de grupos orgânicos, fundamentados em relações pessoais e de confiança. Entre esses grupos destacam-se grupos ligados a comunidades religiosas e de fé.Continue lendo Confio, logo compartilho→
O negacionismo científico, movimento que afronta a ciência e coloca vidas em risco, adota estratégias de comunicação que espalham notícias falsas e deixam as pessoas com medo. Essas notícias falsas assassinas são cruéis, repugnantes, irresponsáveis, afetam a vida das pessoas, provocam incertezas e representam um enorme desserviço para a saúde pública. Nós precisamos combatê-las com firmeza. Precisaremos de investimento em alfabetização científica, alfabetização e letramento digital, além de cobrar uma atuação mais efetiva das plataformas sociais e mapear perfis de influenciadores digitais responsáveis por ampliar o alcance de conteúdo antivacinas e de dados falsos sobre doenças, sempre respeitando a liberdade de expressão, mas desde que não interfira na segurança de políticas públicas e não traga riscos para a coletividade. Nós também precisamos garantir que agentes públicos sejam responsabilizados pela propagação e legitimação de desinformação.Continue lendo Combate à desordem informacional na pandemia de covid-19→
E já não era sem tempo… Chegou a vez do oceano. Resultado de seis décadas de estudos, manifestações e negociações, o oceano ganhou uma posição de destaque em nível internacional. O oceano é importante para toda a humanidade, embora poucos compreendam seu papel no nosso dia a dia. O entendimento de que as atividades humanas dependem fortemente do oceano, mesmo que realizadas distantes dele, como a agricultura, catapultou a atenção dos tomados de decisão ao redor do planeta. E isso aconteceu, em especial, porque o ambiente marinho tem sido palco de uma degradação sem precedentes. Poluição, pesca excessiva e mudanças climáticas são algumas das causas do seu adoecimento. Algo urgente precisava ser feito. Continue lendo Temos o dia e a década do oceano; será que precisaremos de um século para salvá-lo?→
Recentemente foi publicado o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC1) – Relatório do Grupo de Trabalho I (AR6 WGI) – finalizado e aprovado por 234 autores e 195 governos. Dentre os principais resultados, os cientistas não têm dúvidas de que as atividades humanas aqueceram o planeta. Mudanças rápidas e generalizadas ocorreram no clima do planeta e alguns impactos estão agora se concretizando. O mundo natural será prejudicado por mais aquecimento e, portanto, os ecossistemas terrestres e oceânicos têm uma capacidade limitada para nos ajudar a resolver o desafio climático. O IPCC também lançou o Atlas interativo do IPCC WGI, uma nova ferramenta para análises espaciais e temporais sobre mudanças climáticas observadas e projetadas2, com cenários de nossos possíveis futuros climáticos. Continue lendo Que o mar não leve a culpa…→
Os mares e regiões costeiras possuem uma íntima relação com a evolução das civilizações há milhares de anos. Inicialmente, grupos humanos caçadores/coletores devem ter se aproveitado dos recursos – vivos e não vivos – disponíveis nas regiões costeiras. Possivelmente, suas primeiras incursões foram motivadas pela curiosidade e necessidade de encontrar esses recursos e, assim, localizar áreas com melhores condições para viver. Continue lendo O que um punhado de areia pode contar sobre o passado e o futuro?→
A fome aumentou muito em 2020, o primeiro ano da pandemia, especialmente nos países da América do Sul – considerados o celeiro do mundo!Continue lendo A longa noite da fome→
Do total de terras agricultáveis (225 milhões) e do que efetivamente usamos para cultivo (63 milhões) restam 160 milhões de hectares de solo agrícola parado ou radicalmente subutilizado com a chamada pecuária extensiva. Trata-se de uma área equivalente a 5 vezes o território da Itália. O Brasil, junto com as savanas africanas, apresenta a maior extensão de solo agrícola parado do mundo. Além disso, o país tem as maiores reservas de água doce. E 60 milhões de pessoas adultas subutilizadas em termos de trabalho. Acabar com o escândalo da fome no Brasil não é um desafio técnico ou de falta de recursos, mas de organização política e social.Continue lendo Ter fome no Brasil é um escândalo→
Dizem metaforicamente que todos nós estamos no mesmo barco no meio de uma tempestade. Estamos no meio de uma tempestade, mas não estamos de modo algum no mesmo barco. Na verdade, centenas de milhões de indivíduos estão se afogando sem nenhum barco à vista para resgatá-los. Assim, quando a pandemia de covid-19 estiver sob controle, o que ainda é incerto, voltar ao que consideramos “normal” significa apenas continuar com o aumento da fome, da marginalização e da desigualdade social. Um sistema alimentar global que não cumpre sua função principal requer transformações urgentes e profundas em sua abordagem, basicamente requer erradicar sua natureza predatória para finalmente ser capaz de erradicar a fome e a desnutrição.Continue lendo A fome dentro do atual contexto global→
Na Guerra Fria o uso da fome como arma de dissuasão se disseminou e os Estados Unidos fizeram uso de boicotes alimentares inúmeras vezes: contra Cuba em 1962, seguindo com embargos contra a antiga União Soviética em 1973 e 1980 e, mais recentemente, contra a Venezuela (2017) e o Irã (2018). Os dois últimos são casos clássicos de geração de crises artificiais visando a derrubada de governos, mas existem outros exemplos provocados “de forma natural”, pelas chamadas leis da economia.Continue lendo A fome continua presente→