Arquivo da categoria: artigo

Sobre as ‘lives’, para ler ouvindo ‘Fala’, dos Secos & Molhados

Ou ouvindo ‘Fala tu que eu tô cansado’, por Jovelina Pérola Negra, composição de Edésio Só

 Por Ricardo Muniz Continue lendo Sobre as ‘lives’, para ler ouvindo ‘Fala’, dos Secos & Molhados

Grande ausência, grande anormalidade

Por Artur Araújo

Por que a maior anormalidade do presente é a grande ausência das manifestações populares, quer como opinião consolidada, quer como mobilização em defesa de seus interesses e exigindo a reversão da situação presente? Não faltam hipóteses explicativas, que vão desde uma “culpabilização do povo” – que teria se transformado em uma horda majoritariamente reacionária e que age contra seus próprios interesses materiais – até ao discurso autoindulgente, do “estamos fazendo o que dá, mas a mídia esconde”. Continue lendo Grande ausência, grande anormalidade

O médico que é o monstro

Por Carlos Orsi

Em O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Sr. Hyde, a poção efervescente criada pelo médico produz uma transformação, uma libertação ou apenas oferece uma cobertura, um disfarce? Se for um disfarce: para os olhos da sociedade, ou para os do espelho? É uma indefinição que transcende a maior parte das adaptações e interpretações fáceis da novela, mantém a alegoria de Stevenson viva – e torna-a especialmente relevante neste momento em que uma efervescência de outro tipo revelou tantos médicos (e políticos, e militares, e jornalistas) com monstros dentro de si. Continue lendo O médico que é o monstro

O sucesso que gera desgraça

Por Ladislau Dowbor

“A maldade desta gente é uma arte”
(Ataúlfo Alves)

Temos o dinheiro, temos a tecnologia, temos estatísticas detalhadas sobre cada drama, em cada canto da terra. Temos até instruções passo a passo nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para 2030. Mesmo assim, apenas olhamos e balançamos a cabeça. Nossos problemas não são econômicos, são uma questão de organização social e política. É uma questão de mudança cultural. Sentimo-nos institucionalmente desamparados. E a ética tem muito a ver com os desafios. Continue lendo O sucesso que gera desgraça

A face de Ricardo Salles na home do UOL e a extensão do cinismo jornalístico

Por Alceu Castilho

É preciso sempre recordar a frase do Godard sobre imprensa televisiva: “Cinco minutos para Hitler, cinco minutos para os judeus”. Quando é pior que isso: são 30 minutos para Hitler, 30 minutos para Bolsonaro, 30 minutos para Salles, 30 minutos para todo o resto do planeta — e os excluídos só aparecerão embalados em formatos que não ameacem as estruturas. Continue lendo A face de Ricardo Salles na home do UOL e a extensão do cinismo jornalístico

Religiosos como agentes da maldade e como a teologia tenta entendê-la

Por Ricardo Wesley M. Borges

“Qualquer mal que os caluniadores do mundo possam praticar, o mal que os bons praticam é o mal mais nocivo”

Friedrich Nietzsche

A desumanização do outro costuma estar presente na maldade que é infligida a alguém. A teóloga Fleming Rutledge toca nesse ponto quando menciona a familiar dinâmica humana “onde é prática comum desumanizar e até mesmo demonizar outros humanos que pretendemos excluir ou matar”. Com frequência, são justamente os que estão imbuídos de um senso de religiosidade, atrelado a uma autopercepção de superioridade moral, os que potencialmente podem provocar maior dano no mundo. Continue lendo Religiosos como agentes da maldade e como a teologia tenta entendê-la

O diabo nas engrenagens: mecanismos do comportamento perverso autogenético na era da informação

Por Douglas Oliveira Donin

É impensável que uma ideia tão absurda e aberrante como a Terra Plana, por exemplo, pudesse ser proposta em fóruns presenciais e atrair interessados. Somente a virtualidade pode unir interessados tão rarefeitos, proteger discursos tão frágeis à crítica, e conceber o núcleo essencial viável que, este sim, uma vez formado, pode ir às ruas. Continue lendo O diabo nas engrenagens: mecanismos do comportamento perverso autogenético na era da informação

Três mitos sobre a economia brasileira: a quem servem?

Por David Deccache

Este artigo abordará três mitos econômicos recorrentes, descrevendo não apenas os equívocos teóricos que carregam mas também revelando a que interesses servem. Os mitos que discutiremos, nesta ordem, são: (i) o Estado brasileiro quebrou e a austeridade fiscal é a única saída; (ii) os credores irão exigir altas taxas de juros se o Estado não seguir as políticas econômicas que o mercado propõe; (iii) a emissão de moeda gera, necessariamente, inflação.  Continue lendo Três mitos sobre a economia brasileira: a quem servem?

Os falsos protocolos dos espertos de plantão

Por Peter Schulz

A prática de notícias falsas quando não existia a internet, muito menos as redes sociais, é iluminada por dois exemplos que nem sempre são lembrados como deveriam: o tabloide alemão anticomunista Bild Zeitung, criado em 1952, e o tristemente famoso Os protocolos dos sábios do Sião. Continue lendo Os falsos protocolos dos espertos de plantão

Fake news e a introdução de pseudociência na universidade e na mídia ‘séria’

Por Marcelo Takeshi Yamashita

Ilustração de Edu Oliveira

Além de veicular palavras de ordem contra as notícias falsas e o negacionismo é primordial que se faça periodicamente uma autoavaliação da abertura que as instituições públicas e a mídia dão para os conteúdos falsos. Seria, por exemplo, aceitável a introdução da astrologia, do terraplanismo ou do ET de Varginha em uma disciplina na universidade? É possível que a resposta seja sim desde que os temas apareçam no contexto de estudos socioantropológicos, históricos ou psicológicos. Por outro lado, não caberia uma disciplina em um curso de física ou geografia que ensinasse esses assuntos como fatos reconhecidos pela comunidade científica, desinformando abertamente o aluno. Manifestações contra fake news envolvendo os medicamentos ineficazes contra a covid-19, e para enfrentar os discursos negacionistas contrários ao uso de máscaras e outros protocolos de saúde apareceram aos borbotões nas universidades e na grande imprensa. Porém, um olhar mais acurado mostra que, com bastante frequência, o negacionismo inaceitável é somente aquele em que o outro acredita. Para a pseudociência de estimação existe sempre uma “justificativa plausível e sensata”. Continue lendo Fake news e a introdução de pseudociência na universidade e na mídia ‘séria’