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Dossiê Febre Amarela (junho/2017)
Febre amarela no Brasil: dos primórdios à atualidade
Por Cecilia Café-Mendes
Admite-se que no Brasil a primeira epidemia de febre amarela tenha acontecido no Recife, em 1685. A tese mais provável é de que a doença veio do continente africano em decorrência do intenso tráfego de pessoas durante o período colonial. Entretanto, os primeiros dados sobre a doença destacam sua presença já na zona portuária, sem mencionar o desembarque ou a presença de indivíduos doentes em navios.
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O longo percurso para se chegar à vacina contra a febre amarela no Brasil
Por Juan Mattheus Costa
A forma mais eficaz de prevenção da febre amarela é por meio da vacina, que para chegar ao modelo atual passou por diversas pesquisas, que iniciaram com uma simples questão: qual o agente causador da doença? De acordo com o professor do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, Jaime Larry Benchimol, autor de Febre amarela a doença e a vacina, uma história inacabada, diversos médicos e cientistas, entre os séculos XIX e XX, debruçaram-se sobre a questão.
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Febres odiosas
Por Carlos Vogt
No século XIX, mais de 3 mil pessoas foram, durante nove anos, vitimadas pela febre amarela no município de Campinas.
Luiz Roberto Camargo Penteado, estudante de medicina em Paris, e a professora Rosa Beck, suíça, apaixonaram-se e ficaram noivos. Ao final do curso, ele volta a Campinas. Ela, para fazer-lhe uma boa surpresa, movida pelos sentimentos, decide no ano seguinte à partida do amado, embarcar para o Brasil, onde chega em fevereiro de 1889, no porto de Santos. Contraíra, contudo, Continue lendo Febres odiosas
“Onde está, afinal, a civilização?”: A intimidade imaginada de Oswaldo Cruz em “Sonhos tropicais”, de Moacyr Scliar
Por Gustavo Steffen de Almeida
Mesmo a existência de microrganismos era questionada, e não só entre o povo pobre e sem instrução. Em alta à época, o positivismo tinha grande presença entre políticos e intelectuais brasileiros e, apesar de favorável à ciência, demonstrava um moralismo acentuado. Teixeira Mendes, notória figura política e adepto do pensamento de Comte, teria dito: “Os sanitaristas desconhecem a natureza moral do problema higiênico e reduzem tudo a questões materiais, visando assim a manter seus empregos bem remunerados”. Continue lendo “Onde está, afinal, a civilização?”: A intimidade imaginada de Oswaldo Cruz em “Sonhos tropicais”, de Moacyr Scliar
Febre amarela na iminência das fronteiras
Por Patricia Santos
Em 2016, as viagens turísticas tiveram crescimento pelo sétimo ano seguido. Foram 1,2 bilhões de chegadas internacionais registradas segundo a Organização Mundial de Turismo, 46 milhões de turistas a mais frente ao anterior, considerando visitantes que pernoitam no local de destino.
Em um contexto de grande trânsito de pessoas, doenças transmissíveis por vetores também são ágeis viajantes, porém sorrateiras. Um exemplo é o espalhamento do vírus zika, que chegou em março de 2016 em Miami, nos Estados Unidos, apesar de a transmissão local só ter sido confirmada em julho. Continue lendo Febre amarela na iminência das fronteiras
Febre amarela…uma das histórias sem fim
Por Maria Alice Rosa Ribeiro
Aqueles que não aprendem com o passado estão condenados a repetir seus erros […]. Em poucas áreas esta assertiva é tão verdadeira quanto na saúde pública. Quem quer que se tenha dedicado a esta tão ingrata quanto fascinante atividade vive sob a permanente impressão do déjà vu; e pior, aquilo que foi visto, e que é visto, não é agradável. A cíclica volta das pestilências ao Brasil, ainda que em circunstâncias sempre variáveis, é uma prova disto (Moacyr Scliar,1993).
A Moacyr Scliar, in memoriam
Febre amarela midiática: a doença como um produto jornalístico
Por Cláudia Malinverni
No verão de 2007-2008, o Brasil vivia uma epizootia de febre amarela silvestre, desde o início classificada pela autoridade de saúde pública e a maior parte da comunidade científica como dentro da normalidade epidemiológica. A imprensa de massa discordou e deu ao evento uma intensa e controversa cobertura, que mobilizou a imprensa nacional em todos os suportes (TV, rádio, jornais, revistas, internet). Nesse processo de produção da notícia, configurou a doença como uma realidade epidêmica urbana – ciclo, ressalte-se, não registrado no país desde 1942. Continue lendo Febre amarela midiática: a doença como um produto jornalístico
Mudanças climáticas e arboviroses
Por Tamara Nunes de Lima Camara
A dinâmica de doenças que envolvem um hospedeiro vertebrado, um vírus e um mosquito vetor é dependente de alguns fatores que influenciam a transmissão. No caso da febre amarela, aspectos relacionados ao clima, como a pluviosidade e a temperatura, têm grande influência na dinâmica de transmissão: a primeira por promover a oferta de criadouros naturais dependentes da água da chuva para mosquitos silvestres e a segunda por assegurar uma maior rapidez de fêmeas adultas capazes de transmitir o vírus causador dessa arbovirose. Continue lendo Mudanças climáticas e arboviroses
Os ciclos de disseminação da febre amarela e a produção de epidemias no Brasil
Por Eduardo Hage Carmo
A recente epidemia de febre amarela no Brasil apresentou algumas características inusitadas em relação aos ciclos anteriores de disseminação do vírus no país. Para entender esses ciclos é necessário retroceder algumas décadas e analisar emergências anteriores relacionadas à doença.
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