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Jovem norueguês contraria indústria de software

No dia 24 de janeiro, o jovem Jon Joahnsen (16 anos) teve sua casa cercada pela polícia. Os policiais o detiveram e a seu pai para um interrogatório, além de confiscarem dois microcomputadores pessoais. Jon atualmente está sendo processado por autoridades norueguesas do DoEC (Departamento Norueguês de Crimes Econômicos) e pela MPAA (Motion Pictures Association of America), entidade que representa as sete maiores distribuidoras de filmes nos EUA: Universal City Studios Inc, Paramount Pictures Corporation, Metro-Goldwin-Mayer Studios Inc, Tristar Pictures Inc, Columbia Pictures Inc, Time Warner Entertainment Co., Disney Enterprises Inc. e Twentieth Century Fox Film Co. Ele é acusado de facilitar a quebra de leis de direito autoral por haver decodificado um código de computação chamado CSS (Content Scramble System) e seu pai é considerado cúmplice. Caso seja julgado culpado, pode pegar até três anos de prisão.

Mas o que exatamente fez Jon? Ele desenvolveu um programa capaz de fazer um computador pessoal com sistema operacional Linux exibir um filme em DVD (Digital Versatile Disc). Esta funcionalidade até então não existia para computadores equipados com Linux. Quem adquirisse um drive de DVD deveria instalá-lo em um computador com Windows ou então um Macintosh. Isto porque a informação gravada no DVD vem criptografada, ou seja, transformada num código secreto, que precisa ser decodificado para a utilização do disco. Para isso é necessário algo como um "tradutor" ou, na linguagem de informática, uma chave de criptografia.

Nos módulos de DVD para televisão as informações de decodificação vêm gravadas internamente em seus chips não-programáveis. Já os drives de DVD para computador têm que ter a ajuda de um programa que saiba converter a informação do disco em imagem e som. Como há diversos sistemas operacionais para computadores e, via de regra, programas de um sistema não funcionam no outro, o usuário fica dependente dos pacotes comerciais disponíveis. Na falta de uma solução para a execução de filmes no sistema Linux, Jon Johansen escreveu ele mesmo o programa.

Acontece que o padrão DVD é mantido pela DVD Copy-Control Association (DVDCCA), responsável pela manutenção das chaves de criptografia e pelos contratos com quaisquer fabricantes de hardware ou software, no mundo, que queiram produzir tecnologia DVD. O pool de empresas que possuem chaves de criptografia para DVD mantêm essas chaves guardadas em seus computadores de maneira segura, criptografando-as. O que Jon e alguns colaboradores fizeram foi descobrir que uma das empresas, a Xing Technologies, subsidiária da RealNetworks, não mantinha chaves criptografadas.

Eles entraram no site da empresa, pegaram as chaves e simplesmente olharam como elas funcionavam. É como uma espécie de quebra-cabeças, onde o que precisa ser feito é estabelecer correlações entre símbolos. A chave criptográfica do DVD tem a extensão de cinco bytes, o que torna a matemática envolvida nisso bem simples. De fato, Jon declarou à imprensa que não esperava que a tarefa fosse tão simples. Como as outras chaves das empresas concorrentes também são parecidas, ele ainda adivinhou algumas chaves diferentes das da Xing. Isso faz com que o Decoded-CSS, nome dado ao seu programa, possa rastrear uma chave adequada entre algumas que ele entende, ou seja, mesmo que os discos de DVD daqui para frente não possuam a chave Xing, o programa ainda funcionará.

Pirataria
A acusação mais grave que pesa contra Jon é de "facilitar a pirataria". Segundo os advogados que o acusam, Jon teria criado um software que permite aos usuários fazer e distribuir cópias digitais de filmes em DVD. Seu programa permitiria que o arquivo que contém o filme fosse copiado por um microcomputador caseiro.

Uma situação semelhante à do lançamento no mercado do padrão Betamax de vídeo, pela Sony, no começo da década de 80. A Sony foi processada pela Walt Disney Productions e pela Universal Studios, sob a alegação de que o Betamax permitia a gravação caseira de filmes e shows transmitidos pela TV, o que caracterizaria violação de direito autoral. Mas a empresa ganhou o processo e foi julgada inocente, pois a côrte considerou que havia usos lícitos do Betamax: um espectador poderia gravar um programa para assistir fora do horário normal de exibição.

Os advogados de Jon Johansen e muitos profissionais e aficionados pela informática alegam que o que ele fez não é crime...

 




 

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Atualizado em 01/06/00

 

 

 
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