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Riscos de extinção e fraudes

Risco de extinção e fraudes: um alerta aos consumidores

Se, de um lado, a flora brasileira permite um potencial amplo para o desenvolvimento da indústria farmacêutica, de outro, cientistas começam a se preocupar com a exploração irracional desta flora, que poderia estar levando algumas espécies à extinção.

Por causa da coleta indiscriminada, já há dificuldade para encontrar algumas espécies. Um exemplo é o da Pfáfia paniculata, cujas propriedades são semelhantes às do ginseng coreano. Segundo o professor Luis Carlos Marques, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), é praticamente impossível encontrar Pfáfia paniculata no mercado de matéria-prima e os produtos à venda que acusam essa espécie no rótulo estão na verdade utilizando outras variedades como a Pfáfia glomerata.

Outra espécie ameaçada é o jaborandi (Pilocarpus jaborandi), muito utilizado em formulações cosméticas. Esta planta faz parte da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, publicada em 1992 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Controle de qualidade - Um dos grandes problemas no mercado de fitoterápicos no Brasil está relacionado ao controle de qualidade. Fraudes e adulterações são muito comuns e ocorrem por diversos fatores tais como a falta de conhecimento dos produtores e distribuidores e a fiscalização deficiente. O consumidor brasileiro deve tomar cuidado e tentar comprar fitoterápicos apenas de produtores confiáveis. "Mesmo assim, há risco. O mercado de fitoterápicos brasileiro é enganoso, a começar pelos extratores, que não são confiáveis", alerta a bióloga Gemima Born, pesquisadora da organização não-governamental Vitae Civilis.

Pagos pela indústria para tirar da natureza as plantas necessárias à confecção dos comprimidos, extratos e chás, os extratores são normalmente moradores de regiões próximas às matas. São, portanto, pessoas que, teoricamente, conhecem as espécies. "Só que quem manda é o pedido", explica Gemima Born. "Se mandarem o sujeito trazer uma tonelada de espinheira santa de uma vez, ele vai no mato e pega tudo o que puder até completar o pedido: mesmo que não seja espinheira santa. E aí quem sai perdendo é o consumidor, porque nem nas indústrias é feito teste para checagem do material coletado", diz.

Há exceções, claro, especialmente entre os produtores que realizam seu próprio cultivo. Mas como até plantar no Brasil é uma tarefa árdua e carente de incentivo, a situação fica complicada. "Isto está sendo contornado, na China, por exemplo, com a criação de plantações planejadas só para a produção medicinal", explica o médico fitoterapeuta Norvan Martino Leite. "São tomados cuidados com a insolação, irrigação e tudo o que possa potencializar os efeitos desejados. Mas pouco se vê disto no Brasil, ainda", diz Leite.

Uma dica para os consumidores é que eles se certifiquem, por meio dos serviços de atendimento ao consumidor, de que a empresa faz controle de qualidade da matéria-prima e de que esta é obtida por de cultivo. Essa é uma maneira de deixar os produtos fraudulentos envelhecendo na prateleira, protegendo a saúde de quem os consome e a diversidade da flora brasileira.

   

 

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