Recursos econômicos
Bem
acima das profundezas abissais escondem-se ainda segredos vivos
que precisam ser melhor conhecidos e outros que somente agora começam
a ser desvendados e têm uma implicação bem mais direta e prosaica:
comida e remédio.
Comida na
forma de pescado ou como matéria-prima de insumos utilizados na
indústria de alimentos e na formulação de rações para a produção
avícola e pecuária. E também na forma de cultivo direto através
da crescente atividade de maricultura, a produção controlada de
algas, moluscos, crustáceos e peixes.
Remédio na
forma de compostos farmacologicamente ativos. E o potencial marinho
parece ser dos mais promissores, pois já se descobriu algumas espécies
de organismos que produzem substâncias úteis no tratamento de doenças
infecciosas e degenerativas.
Como
se não bastassem todas essas incógnitas dos oceanos rasos e profundos,
o ambiente marinho e o entorno costeiro abrigam também outras questões
de grande relevância econômica, científica e sócio-cultural. E está
sob as pressões crescentes dos múltiplos usos que se faz deste ambiente:
a pesca, a navegação, a atividade portuária, a exploração petrolífera,
a urbanização e a especulação imobiliária, o lazer e o turismo.
Com o agravante de que os oceanos acabam sendo o repositório final
de dejetos das atividades industriais, urbanas e agrícolas.
Sensível a
essas pressões, o mundo todo se prepara para enfrentar os desafios
para um uso planejado e integrado dos recursos do mar que possa
acomodar os conflitos de interesse, sem comprometer a continuidade
da produção e da riqueza marinha. Como na prática a maior parte
dos oceanos está sob jurisdição internacional e a dinâmica da circulação
das águas e dos ecossistemas torna sem sentido as fronteiras políticas
entre os países, os grandes impulsionadores das ações em direção
ao uso sustentável das riquezas dos mares têm sido convenções internacionais
de grande envergadura, em especial a Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB) e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito
do Mar (CNUDM).
Várias iniciativas
e propostas de prioridades e ações para a região costeira estão
em curso no Brasil e, dentre elas, dois grandes programas se encaixam
no escopo internacional.
Detentor da
maior diversidade biológica do planeta, o Brasil tem grande interesse
no assunto e foi o primeiro signatário da Convenção sobre Diversidade
Biológica, aprovada durante a Rio-92. E, cumprindo os compromissos
assumidos na CDB, foi criado em 29 de dezembro de 1994, "dia mundial
da diversidade biológica", o Pronabio - Programa Nacional da Diversidade
Biológica, baseado na premissa de que o conhecimento, conservação
e uso sustentável da diversidade biológica dependerão da parceria
entre as ações governamentais e a sociedade civil.
O
Pronabio dividiu o Brasil em 5 grandes biomas, a saber: Floresta
Amazônica; Cerrado e Pantanal; Mata Atlântica; Caatinga; Zona Costeira
e Marinha. Os biomas costeiros e marinhos ocupam cerca de 8000 km
de linha de costa, com uma área de cerca de 3,5 milhões de km2 em
águas sob jurisdição brasileira, em zonas latitudinais desde as
regiões equatoriais no extremo norte até a temperada no extremo
sul, englobando ecossistemas como estuários, com os manguezais e
marismas,
lagoas costeiras e banhados, restingas
e matas de tabuleiro, praias e dunas, costões rochosos e falésias,
ilhas costeiras e oceânicas, recifes de coral e bancos
submersos.
No final do
mês de outubro de 1999, o Pronabio realizou em Porto Seguro (BA)
um workshop
com especialistas para definir prioridades e ações para a Zona Costeira
e Marinha. Combinando a importância biológica, o estado de conservação,
o grau de conhecimento, a relevância sócio-econômica e a vulnerabilidade
às ações antrópicas, chegou-se a um levantamento preliminar de cerca
de pouco mais de uma centena de localidades com prioridade máxima
para receberem os esforços de levantamento, conservação e uso sustentável
da biodiversidade. Dentre essas localidades receberam destaque as
regiões estuarinas, de lagoas e banhados, as zonas costeiras adjacentes
à desembocadura dos grandes rios, as ilhas costeiras e oceânicas,
as zonas de recifes e os bancos submersos, as áreas já sob impacto
da pesca predatória, e algumas localidades selecionadas em ecossistemas
de restinga, praias e dunas.
E, atendendo
aos preceitos da CNUDM, está sendo feito o levantamento dos recursos
vivos da Zona Econômica Exclusiva (ZEE)
através do Projeto Revizee...
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