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Rota dos Goiases
Estratégia da Coroa
Caráter especulativo
Tecnologia de satélites
Tese inovadora
Origem de Campinas
Anhangüera
Morgado de Mateus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mapa antigo com parte do traçado original da Estrada dos Goiases ( em amarelo), concebida para integrar um conjunto de vias construídas no sentido meridional, ligando a foz do Prata a São Paulo, esta a Goias e o Planalto Central a Belém.

Fonte: Embrapa Monitoramento por satélite, 1998.

 

Arquiteto identifica estrada que deu origem à fundação do município de Campinas

Uma estrada cujo percurso se apagou com o tempo pode mudar a versão que muitos historiadores apresentam para o surgimento de algumas cidades do interior paulista. Apenas citada nos livros de história, a rota usada pelos bandeirantes do século XVIII para realizar a exploração de ouro na região central do Brasil, conhecida como Caminho das Minas de Goiás, teve recentemente parte de seu trajeto reconstituído pelo arquiteto Antônio da Costa Santos, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp).

Cruzando informações obtidas a partir da cartografia colonial com um mapeamento por satélite, Santos conseguiu detalhar o caminho , aberto em 1725 pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, e localizar o primeiro ponto de ocupação da cidade de Campinas.

O mapeamento dessa rota faz parte da tese de doutorado do arquiteto, apresentada em agosto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

No estudo, o objetivo de Santos era estabelecer por onde passava o Caminho das Minas de Goiás (ou o Caminho dos Goiases) no atual município de Campinas, para definir localidades específicas que pudessem esclarecer o pensamento urbanístico da origem e do desenvolvimento da cidade.

Segundo José Roberto do Amaral Lapa, historiador do Centro de Memória da Unicamp e autor de livros sobre a história de Campinas, a pesquisa de Santos ganha relevância ao afirmar o caráter não espontâneo da fundação da freguesia de Campinas - assim como de outras freguesias situadas ao longo do Caminho das Minas de Goiás. A fundação dessas freguesias seria parte da estratégia da Coroa Portuguesa na ocupação da capitania de São Paulo, e não fruto de uma ocupação irregular e aleatória, como defendem muitos historiadores.

A tese de Santos também é importante para a história da cidade porque, pela primeira vez, foi determinado por onde exatamente passava o Caminho dos Goiases, onde foi fundado o primeiro ponto de ocupação do que viria a ser o município, o Pouso das Campinas Velhas, em 1732. Na pesquisa, Santos identifica também a primeira sesmaria de Campinas, concedida a Antônio Maria de Abreu e seu cunhado, João Bueno da Silva, em cujo centro estaria localizado o Pouso das Campinas Velhas.

O arquiteto explica que os outros dois pontos ("campinhos"), tidos pela historiografia como os primeiros locais de povoamento, passaram a existir somente depois de 1774, quando foi fundada a freguesia que deu origem à cidade.

Devido à inovação das hipóteses contidas na pesquisa, o trabalho de Santos foi aprovado para fazer parte dos estudos dos 500 anos do descobrimento do Brasil e recebeu também o benefício da Lei Rouanet para a produção de um livro de fotos e de um CD-ROM com imagens que compreendem 100 km do Caminho dos Goiases, entre Jundiaí e Mogi Mirim. O livro deverá apresentar uma "vitrine crítica" de 200 anos desse caminho, que hoje atravessa fazendas, favelas e trechos de estradas. As fotos estão sendo produzidas pelo fotógrafo Gal Opido, mas o livro e CD-ROM somente serão editados mediante patrocínio.

Sobre as estratégias da Coroa Portuguesa para a ocupação do interior paulista, leia o texto sobre a fundação das freguesias...

 

 

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