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Editorial
Ouvir o cosmos
Por Carlos Vogt
10/07/2016

Einstein, em 1916, na Teoria geral da relatividade, propõe que os corpos mais violentos do cosmos - entendido como o espaço do universo composto de matéria e energia e ordenado em leis e regularidades - liberam parte de sua massa em forma de energia, através de vibrações no espaço-tempo, que constituem as ondas gravitacionais.

Einstein, que pensava não ser possível percebê-las, na Terra, por se originarem a distâncias muito, muito grandes, mesmo viajando à velocidade da luz, ficaria surpreso e contente, com o anúncio, em 16 de fevereiro de 2016, da descoberta das ondas gravitacionais e da confirmação de sua teoria pelos responsáveis pelo Observatório da Interferometria a Laser de Ondas Gravitacionais (Ligo), patrocinado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA.


Passados, pois, 100 anos, do anúncio teórico de sua existência pelo autor da Teoria geral da relatividade, a ciência as confirma, na prática, abrindo novas perspectivas para o estudo e a compreensão do cosmos que, além de visto, passa também a poder ser ouvido, fazendo, assim, pensar, por livre associação poética, nos versos do célebre soneto de Olavo Bilac “Ouvir estrelas”:

 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,  
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 

E conversamos toda a noite,
Enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 

Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 

E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.