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“Mulheres na ciência” fica em cartaz até 29 de março em São Paulo
Por Janaína Quitério
05/03/2015
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Imagem: Zuza Blanc

O núcleo Arte e Ciência no Palco prorrogou até 29 de março a encenação de “Insubmissas – mulheres na ciência”, em cartaz desde janeiro deste ano no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, na região central de São Paulo. A peça aborda a trajetória e a contribuição de quatro cientistas de tempos e nacionalidades diferentes: a polonesa radicada na França, Marie Curie, duas vezes ganhadora do Prêmio Nobel, em 1903 e 1911; a biofísica britânica Rosalind Franklin, cujo mapeamento das moléculas de DNA ajudou a descobrir, posteriormente, a sua dupla estrutura helicoidal, o que rendeu a seus pares – não a ela – o Nobel de Medicina, em 1962; a bióloga brasileira Bertha Lutz, pesquisadora do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a partir dos anos de 1920, e também uma das primeiras lutadoras pelos direitos femininos no país; e a filósofa e matemática Hipácia de Alexandria, morta apedrejada por fanáticos cristãos no século V.

Em cena, as personagens são despertadas por uma voz masculina, em um cenário no qual pedras estão sustentadas por cordas, para falarem das dificuldades de produzirem conhecimento em ambientes predominantemente masculinos e patriarcais. Trata-se de uma peça que ressalta, segundo o dramaturgo Oswaldo Mendes, a insubmissão de cientistas a espaços machistas e hostis: “A peça é sobre mulheres que disseram não. É sobre insubmissas que se negaram a se enquadrar. A única presença masculina em cena é uma voz em www.cyunibyo.com, que é a minha, a voz do autor. Reuni quatro personagens no palco com o objetivo de falar sobre seus feitos na ciência, mas, quando fiz isso, não havia como fugir dos preconceitos que essas cientistas sofreram na carreira”.

Os episódios sobre Marie Curie, por exemplo, dramatizados pela atriz Selma Luchesi, mostram a sua angústia pela rejeição da cátedra na Academia de Ciências de Paris e pelo escândalo, replicado pela imprensa, de um suposto caso amoroso da cientista com o físico Paul Langevin. “Se Madame Curie fosse um homem que tivesse tido um caso, ninguém falaria sobre isso. No mesmo dia em que ela ganhou seu segundo prêmio Nobel, saía a notícia de que ela era uma destruidora de lares. Isso ficou mais importante. É cruel. É teatral”, analisa o autor da peça.

Parceria entre arte e ciência
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Imagem: Zuza Blanc

O núcleo Arte e Ciência no Palco, da Cooperativa Paulista de Teatro, nasceu com o espetáculo “Einsten”, que estreou no Brasil em 1998 como parte de um projeto montado para discutir questões relativas ao conhecimento humano e, em especial, às ciências naturais. Carlos Palma, diretor, cenógrafo e um dos criadores da companhia, ressalta que o projeto foi construído a partir de pesquisas e parcerias com universidades e centros de pesquisas com o objetivo de desvendar o universo científico e suas relações com a política, com a economia e com a sociedade. O próprio processo de criação dos espetáculos pressupõe aprofundamento do assunto, como ressalta Palma: “A gente busca todas as referências do tema ou do personagem a partir de conversas com professores, cientistas e pessoas ligadas a esse conhecimento. Então, a gente tem hoje um relacionamento grande com a Unicamp, com a USP e com a UFRJ, três das principais fontes de pesquisa para a nossa criação”, explica.

Em 17 anos de existência, o grupo já montou mais de 15 espetáculos, incluindo os premiados “Einsten” (1998), “Copenhagen” (peça encenada em 2000 que discute a questão nuclear) e o infanto-juvenil “Big Big Bang Boom” (2010). As peças costumam explorar o lado histórico e humano dos cientistas e discutir as responsabilidades da ciência na sociedade. Em Insubmissas, o espectador, ao mesmo tempo em que conhece os inventos de quatro cientistas, emociona-se com suas histórias. Por conta das comemorações do Mês da Mulher, a companhia promete surpresas nos espetáculos.

Ficha Técnica

Espetáculo de Oswaldo Mendes | Direção e cenário: Carlos Palma | Elenco: Adriana Dham, Leticia Olivares, Monika Plöger, Selma Luchesi, Vera Kowalska, Rogério Romera | Iluminação: Rubens Velloso | Figurinos: Carolina Semiatzh | Produção: Núcleo Arte Ciência no Palco da Cooperativa Paulista de Teatro.

Duração: 75 min | Recomendação etária: acima de 12 anos

Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima, 94, Vila Buarque

Até 29 de março | Sexta e sábado, 21 h; domingo, 19 h | Ingressos: R$ 20 (meia: R$ 10).

Às sextas-feiras mulheres têm entrada gratuita.