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Encontro pioneiro de mulheres cientistas leva
documento base para autoridades


O movimento de mulheres cientistas tem tomado corpo em todo mundo desde de 2002, quando ocorreu a primeira Conferência Internacional de Mulheres da Física, na sede da Unesco em Paris. Nestes dois anos, as cerca de 300 participantes, de 65 países, expandiram a questão de gênero na ciência para outras áreas do conhecimento, entre elas Márcia Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Elisa Baggio Saitovitch, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), organizadoras da Conferência de Mulheres Latino-Americanas nas Ciências Exatas e da Vida, que terminou no último dia 20 no Rio de Janeiro. O evento gerou em um documento que será encaminhado para sociedades científicas, universidades e governos contendo uma lista de problemas e soluções que deverão resultar em medidas públicas.

Entre as prioridades levantadas estão a sensibilização da mídia e de editores de livros didáticos e publicações para jovens não perpetuem os estereótipos femininos, ao mesmo tempo em que os pesquisadores se mobilizem para incentivar programas que atraiam mais jovens para as carreiras científicas ou façam sua parte indo até escolas ou levando estes jovens aos seus laboratórios. "Se começarmos a mostrar para a população que as pesquisadoras são mulheres que casam, têm filhos, saem para fazer as mesmas coisas que qualquer um pode fazer, acredito que conseguiremos atrair mais meninas para a ciência", sugeriu Barbosa.

Outros pontos importantes mencionados ficaram a cargo da formação de uma Rede Latino-Americana que possa disponibilizar dados de estudos de gênero, o direito de recebimento de licença maternidade para bolsistas de mestrado e doutorado e extensão do período de conclusão de teses, a presença de 30% de mulheres em conselhos científicos, órgãos representativos governamentais e institucionais, incentivar linhas de investigação de gênero nas diferentes disciplinas, criar prêmios de excelência da mulher, além de motivar pesquisas que recuperem a história de mulheres cientistas que possa valorizar o papel e a participação feminina no desenvolvimento científico.

Um dos cinco representantes masculinos presentes no evento do sexo masculino, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, enfatizou a importância dos cientistas se envolverem na escrita de livros didáticos, que estão "completamente defasados" e não trazem a questão de gênero em seu conteúdo. Ele comprometeu-se a levar às conclusões da conferência para o cotidiano e discutir a idéia de se criar um grupo de trabalho permanente nas reuniões regionais e nacionais sobre a questão de gênero, à exemplo do que ocorre em outras sociedades científicas internacionais, como a de matemática e de física.

Para o próximo encontro de mulheres na ciência, previsto para 2005, a presença latino-americana deverá aumentar. Em sua avaliação, Saitovitch lamentou que apenas pouco mais de 10% das 102 participantes vieram de Cuba, México, Argentina, Peru e Uruguai. Quanto às áreas científicas, estavam fortemente representadas pela física e biologia, sem desconsiderar a importante representação de pesquisadoras da área de humanas, com mais tradição em estudos de gênero. Márcia Barbosa explica que neste ano as engenheiras ficaram de fora do encontro por viverem uma problemática não apenas na academia, mas também em empresas e indústrias, "que é um mar de outros problemas". Mas na conclusão da Conferência, foi festejada a extensão do convite também às engenheiras para o próximo encontro.

"Sem a participação efetiva de 52% da população na democracia, jamais conseguiremos concluir as metas prioritárias do governo", afirmou a ministra para assuntos ligados à mulher, Nilcéia Freire. Ela garantiu que a compreensão deste fator fez do presidente Lula "o maior feminista do governo".

Leia mais:

- Medidas deverão impulsionar participação de mulheres na ciência

- Mulheres ainda são minoria nas engenharias

- Especialistas apontam obstáculos para o crescimento das mulheres na ciência

- Reportagem sobre mulheres na ciência

- Série de artigos sobre a questão de gênero na ciência no Brasil e no mundo

Atualizado em 23/11/04
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