Microsoft
doa programas desatualizados
a escolas argentinas
A
existência de um acordo secreto entre a Microsoft e o Ministério
da Educação da Argentina foi descoberta na última
semana pela ONG Software Livre Argentina (Solar). Semelhante a outros
convênios já estabelecidos pela empresa com governos
- um programa intitulado "Partners in Learning"
(Parceiros no Aprendizado) -, o acordo prevê a doação
de licenças de Windows 98 e 2000 a escolas públicas.
Esse tipo de estratégia da empresa - doar software a escolas
e patrocinar aulas que ensinam professores a usar esses programas
- têm sido comparado a uma "tática de traficante"
por boa parte dos críticos. (leia mais sobre o assunto)
O
acordo firmado com o governo argentino prevê a atualização
dos sistemas operacionais doados, que são antigos, para o
produto mais novo da Microsoft, o Windows XP, a "preços
simbólicos". Ao levar o presente, o governo argentino
adquire o "direito" de comprar o pacote Office (Word,
Excel, PowerPoint) em "condições favoráveis".
Devido
às cláusulas de confidencialidade do contrato, apenas
parte do documento assinado pelas autoridades argentinas foi revelado.
Diz o acordo no artigo 6, "Divulgação pública:
nenhuma das partes emitirá nenhum comunicado à imprensa
nem fará anúncios públicos relativos a este
acordo, sem consentimento por escrito da outra parte". A ONG
Solar deve entrar, nos próximos dias, com uma ação
judicial pedindo a divulgação do restante do documento.
Brasil
já foi alvo
Em junho do ano passado, o governo brasileiro, representado pelo
então ministro da Educação, Cristovam Buarque,
esteve prestes a firmar um acordo semelhante. Buarque teve uma reunião
com o vice-presidente mundial da Microsoft, Craig Mundie, acompanhado
do presidente filial brasileira da empresa, Emílio Umeoka,
e chegou a assinar um Protocolo de Intenções inicial.
A resistência, dentro do governo e por parte da comunidade
software livre brasileira foi intensa e as relações
com a Microsoft tornaram-se menos intensas após a saída
de Buarque.
Segundo
informações divulgadas à imprensa pela empresa,
a Microsoft pretende investir US$ 160 milhões, nos próximos
5 anos, em programas de "caridade" destinados à
América Latina. Desse montante, US$ 30 milhões estão
sendo computados pela empresa como doação de software
destinados à ONGs que promovem inclusão digital.
O
comunicado cita que os programas estão destinados a ONGs
de 19 países, mas cita apenas duas, o Comitê de Democratização
da Informática (CDI), entidade que nasceu no Brasil mas têm
ramificações no mundo todo, e a Fundación Equidad,
argentina. O CDI, no Brasil, é mantido por mais de 15 organizações
e empresas além da Microsoft, como a Esso, a Xerox e a Agência
Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Na
Argentina, o CDI é mantido pela Microsoft, pela Accenture,
pela HP e pela estatal brasileira Petrobras.
A
ofensiva da empresa de Bill Gates, contudo, não se restringe
à América Latina. Entre junho e julho, Gates esteve
no Japão, na Malásia e na China firmando acordos nos
moldes do Partners in Learning. Somente para a China serão
doados US$ 10 milhões num prazo de cinco anos, destinados
a cem escolas localizadas em áreas rurais. Em visita à
Malásia, ele afirmou que gostaria que a pirataria fosse banida
dos países asiáticos como a China. "Além
de tudo é o segundo maior mercado de PCs do mundo",
disse Gates.
Leia mais sobre o assunto em:
http://www.comciencia.br/200406/reportagens/01.shtml